Nenhuma semana desses últimos três meses foi tão
interessante quanto às de junho e julho; apesar de que, no finzinho de
novembro, ainda deu pra aproveitar alguma coisa. Mas nada se compara com
aqueles meses do meio do ano. Passeatas por qualquer coisa, protestos por
qualquer motivo, estádios de futebol lotados, gente contra gente a favor, muito
gás de pimenta, polícia despreparada para enfrentar tumulto em larga escala
dando paulada a torto e a direito e os Black Blocs. Uma novidade trazida prela
imprensa; um novo nome para os nossos arruaceiros, baderneiros ou vândalos, que
é como foram chamados nas emissoras de TV.
O ano acabou e as
férias e os recessos trancam a pauta Brasil. Justo pra alguns; para outros,
indecente e até imoral. Não vou me referir à administração pública para que
ninguém pense que estou falando do legislativo, da justiça e da preguiça
brasilina.
Como fiquei sem assunto e se não mandar uma crônica ou um
artigo uma vez por semana ao machadofilho.com, não recebo meu cachê; tá escrito
no contrato. Verdade! Então juntei algumas coisas que andei lendo e ouvindo e
fiz uma espécie de arroz carreteiro com o churrasco de ontem, se é que me
entendem.
Achei cada coisa! São tão
estapafúrdias que se tornam coisas sérias. Vejam, por exemplo, o que disse
Dilma Vana, a presidenta, e única mineira gaúcha existente desde quando acharam
o Brasil, discursando sobre “a questão da Casa Própria” - = “Eu acredito que a questão da casa própia (sic) é
uma questão muito importante na vida das pessoas. Ela reúne a relação que nós
temos com os nossos filhos, com a nossa família e com os nossos amigos. Então
ela é um espaço onde a gente constrói o lar e a proteção. E ao mesmo tempo ela
mostra a nossa capacidade de viver e de morrer. Mostra aonde (sic) as famílias
acolhem as crianças, os adultos e os idosos”.
Ninguém entendeu nada, pois ela fala em Dilmês
pré-cabralino tardio.
Percebam
que não ipomtra em qaul odrem aslteras de uma plravaa etãso.
A úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
A úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
Mas existem regras gramaticais que devem ser seguidas, sem dúvida; e são muitas para que um texto seja escrito com concisão e coerência. Além disso, falar e escrever - ainda que seja sobre o mesmo assunto - não se faz da mesma maneira. Por isso, às vezes, como se diz, é melhor ficar calado. Não basta colocar uma letra depois da outra, formar palavras, depois frases e meter um ponto no fim. No texto (!) de Dilma Vana, falado ou escrito em Dilmês pré-cabralino tardio falta, pois, concisão e coerência. Num texto conciso e coerente, portanto, pode-se misturar letras e até números numa mesma palavra que nossa mente consegue ler e entender o que está escrito.
NE35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554
C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4
M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453
4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O
D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!
Sei que todos os leitores conseguiram entender tudo o que está escrito acima porque os textos são coerentes, cada um em seu conteúdo. Mas o que Dilma Vana escreve não é coerente, não se conecta já que não tem origem no cérebro, onde está a inteligência, mas sim uma parte no pâncreas, outra parte no peritônio e vestígios na vesícula e em outros órgãos que não puderam ainda ser identificados. Deixemos para a história, ela nos revelará.
Entretanto o que Dilma Vana fala, apesar da falta de
coerência, é exatamente o que o povo gosta, quer ardentemente e delicia-se ao
ouvi-la. E depois vota e elege. E não sai dessa condição de pobrismo e
coitadismo perene. Essa arte dos falares político é dominada por poucos e Lulla
é imbatível em qualquer ambiente, em qualquer cerimônia ou palanque. Elle diz o
que o povo quer ouvir e até mesmo para plateias, digamos mais sofisticadas.
Quando recebeu um dos títulos de doutor “honoris causa” – são tantos que ele já
encheu mais de duas bruacas - diante de uma plateia de intelectuais, ele
iniciou o discurso de agradecimento dizendo: “Minha mãe nasceu analfabeta.” Foi
aplaudido.
Bueno, como já disse a semana foi fraca. O Zé Dirceu
divulgou o emprego que já tinha acertado com o dono do hotel, seu amigo, onde
ele se hospeda – numa suíte é claro e lá tem o que precisa – há anos. O Genoíno
tentou “enrolar” uma junta médica que fez um baita de um estudo e disse num
enorme laudo médico apenas que o “mal que ele sofre no coração não é invalidez”
– nos incluam fora dessa, devem ter pensado; os juízes togados continuam num
esfrega-esfrega pra ver quem é mais bonito.
Entretanto, para que o ano não termine, e tudo continue
como dantes no quartel d’Abrantes, houve o Black Friday. Um sucesso comercial.
Uma macaquice, como é o Halloween, trazido pelo dono do site de compras Busca
Descontos para nossa brasilina terra portuguesa que por seus já conhecidos
encantos destaca-se o “jeitinho”; um eufemismo para a fraude e desta para a corrupção.
Mas esse já é outro assunto. Pois o Black Friday acontece sempre na sexta-feira
depois do Thanksgiving Day, um feriado, que é quando os americanos se
empanturram de peru. E ao contrario de nós em vez de imprensarem a sexta-feira
para um o feriadão, eles vão às compras.
A imprensa dá
sempre um destaque exagerado – será matéria paga? – e mistura alhos com
bugalhos fazendo comparações do tipo: Uma TV de X polegadas que custa 1.800,00
dólares é vendida por 87 dólares. E aí comparam as diferença e o preço que é em
dólares com os nossos custos em reais. “Black Friday Brasileira é muito mais
cara do que nos EUA”, diz a Veja. Ai, ai, ai! Isso é pior do que somar laranjas
com bananas ou dividir seis por meia dúzia. O destaque para o “nosso” Black
Friday é que milhares de produtos são vendidos com preços mais altos do que os
que já estão à venda antes da tal sexta-feira e com melhores condições de
pagamentos. Isso é fraude.
O Black Fraudei brasilino salvou a semana.