sábado, 8 de novembro de 2014

UM POUCO DO MESMO. APENAS BEM DIFERENTE.
Tenho tentado ficar distante, alheio mesmo, do “processo eleitoral” e tratar de escrever meu livro, mas não consegui. Não que eu seja um alienado ou analfabeto político. Voto a mais de meio século, e já protestei, já concordei, já fui presidente mesário com urna de lona e a primeira eleição que cobri foi no tempo que os votos eram contados no armazém nº 1 do cais do porto em Porto Alegre. “O que vai pelo pleito! Ou a marcha do pleito!”, não lembro. Lembro bem, porém, que era o Amir Domingues que anunciava pela Rádio Guaíba, comandando a “jornada eleitoral”. E também não me esqueço de que andávamos de Kombi e quem dirigia era o Doutor Paulo Millano. Assim percorríamos as sessões eleitorais de uma ou mais zonas eleitorais. Eu pedia ao presidente da mesa o número de votantes e se tinha alguém que interessasse destacar; alguém famoso, por exemplo. Depois perguntava onde havia um telefone; em geral ele estava na secretaria da escola, eternos locais de votação. Ligava para a Guaíba e o Krebs dizia: fica na linha! E pelo retorno eu ouvia quem estava no ar até chegar a minha vez. E o Amir dizia: e agora de uma de nossas unidades móveis vamos chamar o repórter Cesar Cabral em algum ponto da cidade. Eu dizia: estamos (era sempre no plural) na zona tal e etc e tal quantos eleitores, quantos já haviam votado – numa delas tinha sido a nossa Miss, Ieda Maria Vargas. Falei pelos cotovelos até o Amir me cortar (eu não parava de falar abobrinhas sobre a miss). “Muito bem, Cesar já temos outros repórter na linha...”. Mas eu tinha que encerrar a “intervenção” como se dizia, com o “bordão” padrão. “Essa foi mais uma informação sobre a marcha do pleito; patrocínio Panambra, revendedor autorizado Volkswagen.” Há quem não acredite. Impossível continuar indiferente em 2014.
Depois o Jânio Quadros renunciou o Leonel Brizola criou a Rede da Legalidade, o avô do Aécio Neves inventou um plebiscito – parlamentarismo ou presidencialismo? – o Jango assumiu a presidência da República, foi derrubado pelos generais do Exercito e eu ainda aguentei alguns meses na Caldas Junior – Correio do Povo e Rádio Guaíba – e fui demitido; diziam que eu era “vermelho”. Mas isso já é outra história.
Pois como não dá pra ficar de fora do “processo eleitoral” dei uma olha nas campanhas; principalmente nas das TVs. Diverti-me muito, com as tais de propostas e as promessas embora a campanha pra prefeito e vereador seja mais divertida. Todos seguiram a PPC, a regra número dos marqueteiros: propor, prometer, criticar. Lamento ter que esperar 2 anos para ter tanta diversão a começar quando vejo e ouço: programa eleitoral “obrigatório gratuito”.
Um candidato a governador “prometeu” acabar com o “problema da segurança” iluminando as ruas das áreas mais perigosas da periferia da cidade. Acho que o infeliz não sabe (ou se faz de besta?) que segurança não é problema; é como dinheiro; problema é quando falta. Além disso, iluminação pública e tarefa de prefeito.
O adversário desse promete acabar com todas as casas de taipa; vai construir de tijolos com reboco e tudo o mais. O sertanejo quer é “água de beber” – se cavar um poço sai água salobra, no sertão é assim – e quer continuar com sua casa de taipa porque dentro dela não é quente, é fresquinha, e a noite “É até friinha”. É verdade.
A Marina, que me lembra um pé de pau seco, continua se “achando” e com um milhão de votos a mais na bolsa somado aos 20 milhões que já tinha, tornou-se doceira. E fazendo doce, só por alguns dias, tornou-se chantagista. Não aceita diminuir a menor idade penal alegando que não temos locais adequados para “apenamento”. Que bobagem é essa? E também não quer reeleição. A Marina é lulanática, ainda sofre as sequelas dos tempos do lulismo petista que ela ajudou a fundar e manter.
De tanto ouvir falar fui dar uma espiada nos tais debates. Que coisa esquisita! É um minuto pra um, outro minuto pra outro; uma coisa parecida com sei lá o que. Menos com debate. Mesmo com tempo de pergunta e resposta “combinado anteriormente com os assessores dos candidatos” (O que é que eles “combinaram”?) a coisa mais parece bate boca de maloqueiro; xingamento na hora do recreio de grupo escolar. Uma coisa que me lembrou dos botecos da Rua Cabo Rocha ou aquele trecho da “Volunta”. Quem se lembra delas?
Alguém me disse que os debates parecem um cabaré. Negativo! respondi impávido como um colosso daqueles tempos. Respeite o cabaré! Continuei meu discurso - pra não sair do tom reinante -. Num cabaré exige-se respeito e compostura. Neles as propostas são claras: como se faz, com quem e o que se faz, quanto custa e quem e como se paga; a vista. Neles ninguém passa a mão no traseiro da dama do outro; ninguém fica devendo nada a ninguém e a liberdade de escolha existe de fato e de direito, sobretudo. Ninguém patrulha ninguém e não há a preocupação de ter que ser politicamente correto, pois lá, todos são. E quem quiser baila. E enquanto a orquestra toca a típica descansa (pra quem não sabe: é um conjunto com piano, contra baixo, um violino e o majestoso bandoneon a tocar tangos, milongas, chamamés e polcas).
E veio o segundo turno e a Dilma foi reeleita, conforme se podia prever por razões simples e caminhos e acordos complexos que só a política pode engendrar além da nossa vã filosofia e capacidade de aceitação. E foi o que se viu na campanha; dizem que foi a mais agressiva a mais isso e aquilo como “nunca antes nesse país” (tomo o termo como uma referência cultural, o que há de se fazer?).
Além disso, os tais jornalões e televisões resolveram que “histórico” (a) é sinônimo de grande, maravilhoso, horroroso, incrível, espetacular e outros adjetivos. Dizem que esta eleição foi histórica; um fato ou evento que só existe no futuro, coisa do passado que se conhece e a qual nos referimos somente no presente. Desconfio que isso seja um modismo passageiro e que deve desembarcar já na próxima estação, bem antes do fim da linha, levando junto o “fazer selfi”.
Gosto do Brasil, de suas particularidades e de algumas peculiaridades; especialmente do nosso português brasilino. Gosto de tantas coisas porque nasci aqui; poderia ter nascido na ilha de Tonga ou no Zaire e hoje estaria com Ebola falando francês. Tudo ao acaso.
Não gosto dessa nossa inferioridade canina, dessa nossa ingenuidade subdesenvolvida, desse gingado enganador, desse nosso pobrismo intelectual. E, principalmente, tenho o mais profundo desprezo reverente e ilimitada desconsideração por quem conduz nossa nação e também por políticos em geral, todos eles, e por burocratas com pose de dona de cabaré. Sinto misericordiosa compaixão, como se eu fosse cristão, pela maioria de um povo iludido pela minoria amoral eleita democraticamente por eles. Um mistério doloroso. Ou um paradoxo democrático?
Não aceito – mas o que eu posso fazer? – esse nosso sistema eleitoral onde 50% mais 1 ganha sob a insatisfação da outra metade que passa a ser tratada como minoria. Quem sabe um mínimo de como funciona os quocientes eleitorais, hão de concordar comigo. Quem será o Tiririca da próxima eleição? Ele mesmo, de novo. Creio que 99% dos eleitores não sabem o que representa seu voto e nem o que resultará dele numa urna que não se pode recontar votos e nem passa recibo ao eleitor.
Não gosto da urna eletrônica que pode ser manipulada, com o já foi nos Estados Unidos depois de um estudo feito em 2006 pela Universidade de Princeton comprovando que ela não é segura. O fabricante, banido do país, a Diebold é o mesmo fornecedor das nossas urnas; marca Diebold. E denúncias e provas contra as urnas eletrônicas existem e chegam ao TSE. Porém quem ousar desconfiar do TSE ou da urna eletrônica será condenado por litigância de ma fé, quem disse isso foi, o ministro Ricardo Lewandowski dia 08/04/2010 no plenário do TSE no julgamento do pedido de pericia para esclarecer a suspeita de fraude nas eleições de 2006 em Alagoas. Nesta eleição, de 2014, o advogado do PT e de José Dirceu, o José Tofóli, agora presidente daquela suprema corte eleitoral garante a lisura do pleito e que a urna eletrônica e confiável e inalterável. Uma coisa é ser difícil de alterar, outra é ser inalterável. Além do mais o jovem ministro presidente não permite que um concorrente proteste, duvide, peça revisão ou recontagem de votos porque essas urnas são inquestionáveis; e quem o fizer será multado. Ora, esse rapaz está dizendo antecipadamente que não haverá um crime e quem fizer a denúncia esta cometendo um delito.
Não sou advogado, por óbvio, tanto quanto não sou idiota; ele é. E está violando o Direito e a lógica elementar; isto é: da natureza do Direito, de seu fundamento, de seu princípio. Como ele pode garantir que não haverá crime? Como ele pode condenar, então, o criminoso? Por que antecipar o Horário de Verão em uma semana, coincidindo com o período eleitoral? Por que divulgar a apuração dos votos apenas quando chegar a 90% do resultado? Fuso horário? E daí? Por que não iniciar a apuração dos votos e divulgar os resultados após o encerramento da votação as 17h00min do local onde está a urna? Qual é o problema se o resultado final for proclamado as 22h00min, a meia-noite ou às duas horas da madrugada? Qual é o problema?
O jornalista Carlos Newton escreve na Tribuna da Imprensa (que já foi impressa e de propriedade do Carlos Lacerda) “Em reveladora e estarrecedora entrevista à Beatriz Bulla, do Estadão, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, confirmou que somente um pequeno grupo de técnicos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) assistiu o minuto a minuto da totalização dos votos.
De acordo com o corregedor-geral, foi por ordem direta de Toffoli que o TSE montou um esquema para manter isolados os técnicos responsáveis pela apuração, sem contato inclusive com outros membros da Corte.
E o mais inacreditável é que, ainda segundo o corregedor-geral João Otávio de Noronha, a orientação dada pelo presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, era para que os técnicos não informassem nem a ele o resultado parcial da eleição antes da abertura dos dados para todo o País.
Como todos sabem, essa abertura dos dados somente ocorreu já depois das 20 horas, quando estava assegurada a “eleição” da candidata oficial Dilma Rousseff. Esses são os fatos – verdadeiros, indiscutíveis e irrefutáveis – que marcaram as estranhíssimas inovações desta eleição presidencial, em que não houve transparência nem fiscalização. As declarações do corregedor-geral João Otávio de Noronha são inaceitáveis e assustadoras, porque jamais ocorrera no país uma eleição em que até mesmo as maiores autoridades da Justiça Eleitoral foram proibidas de acompanhar a apuração.”
POR QUE DEVO ACEITAR?
Como pode um presidente da república, renunciar o cargo para preservar seus direitos (!) políticos e depois ser eleito vereador? Por que devo aceitar um vice do candidato eleito por mim seu eu não votei nele? Por que devo aceitar que um sujeito desconhecido, 4º suplente de deputado federal, por exemplo, assuma um mandato na Câmara no lugar do sujeito que eu elegi porque ele foi dirigir uma companhia estatal?
Por que devo aceitar que o vice de prefeito, governador e presidente da república assuma o poder quando o titular viaja para tratar de assuntos econômicos e políticos da minha cidade, ou do meu Estado ou do país? São dois sujeitos com poderes idênticos no mesmo cargo simultaneamente.
Por que devo acreditar em Tribunais de Contas responsáveis por examinar os gastos dos agentes públicos, apontar irregularidades e superfaturamentos em obras e serviços, e tentar evitar que recursos governamentais sejam desperdiçados, se “a maior parte deles” é escolhida por critérios políticos; muitos têm parentes importantes, e há pelo menos dez casos em que a Justiça os afastou da função após descobrir irregularidades, proibindo-os em alguns casos até mesmo de passar a menos de 100 metros da instituição que deveria zelar pela boa aplicação do dinheiro público? É como entregar meu dinheiro para o ladrão cuidar para que ninguém o roube. Conselheiros de Tribunais de Contas, além do salário, têm direito a carro com motorista, diárias, verba para aluguel residencial e até 14º e 15º salários. Y algunas cocitas mas, por supuesto – como se diz em bom portunhol.
Porque um (ou que seja uma) presidente da República deve se preocupar em construir creches? Isso é tarefa de prefeito. Não sou médico nem economista também, mas deles, de treinador de futebol e de louco, dizem, temos todos um pouco.  Quem não sabe que se gastar mais dinheiro do que recebe vai ficar devendo alguma coisa?  É burro ou perdulário. Quem disse que tirando o IPI do preço dos carros aumenta o consumo e assim baixa a inflação? Aumenta a inadimplência; já que o infeliz proprietário de um carro novo, lá pelo quarto ou quinto mês, não consegue mais pagar a “prestação”. E tem mais. Muitas outras coisas com as quais não concordo e sei lutar contra elas com o que tenho é o mesmo que dar murro em ponta de faca.
Se o Paraguai invadir o Brasil dando o troco pelo massacre e destruição que o império brasilino perpetrou contra eles, - na época o país mais prospero da América do Sul não dependendo do “apoio” financeiro de nenhum país europeu -  por ordem da Inglaterra, que financiava o Brasil desde D. João VI, aliado com a Argentina -  corro para o Uruguai – que saiu da guerra quando percebeu que não tinha nada a ver com aquela estupidez – e vou morar em Piriápolis, com essa minha vergonha alheia.
VERGONHA ALHEIA
Delírios a parte, fico com minha vergonha alheia já que não posso me desfazer dela. Existem diversas maneiras de sentir vergonha essa sensação esquisita que quando a gente sente não sabe onde se enfiar. Exceto é claro aqueles que não têm vergonha nenhuma; nem meio pingo de vergonha. Quem sente vergonha sente-se arrasado, infeliz e desorientado com esse sentimento que pode roer-lhe as entranhas. Há diversos tipos de vergonha, e uma delas é a vergonha alheia, tão comum hoje em dia que o efeito é passageiro, na maioria. Todo mundo comenta na hora e depois ela vai passando até que o infeliz sinta a próxima.
Essa vergonha, a alheia, como diz o nome, vem de fora da pessoa envergonhada; foi cometida por outro que não o envergonhado. Geralmente as causas são profundas e vem de longo tempo; mas a gente só sente quando ela estoura de vez. Pega de surpresa e, por isso, pode causar maior impacto como o comportamento de algumas pessoas que me faz pegar nojo. De outras, pego admiração. Peguei nojo, e faz tempo, de gente espaçosa; aquelas que ocupam as três dimensões simultaneamente, (que palavrão!) que roubam o oxigênio num raio de mil quilômetros.
Os exemplos são tantos que perdi a conta e as anotações embora muitos deles não me saem da lembrança. Certa vez numa loja de artesanato numa cidade do nordeste dois turistas gaúchos compravam as pampas e gritavam como quem toca as vacas no campo num petiço sogueiro. Um deles percebeu que eu estava olhando com olhar de nojo e aí sem imaginar que eu era seu conterrâneo, sem dúvida, soltou num berro: “vou levar mais um destes pros tchês lá de baixo”! Ninguém entendeu nada; nem os gaúchos. Mas o que era mais um destes pros “tchês lá de baixo?” Era rapadura, que se comprava em Santo Antônio da Patrulha a caminho da praia, além de sonho e cachaça azulzinha (não sei se ainda é assim). Mais conhecida no nordeste, a rapadura também é conhecida, produzida e consumida na maior parte da América Latina – da Venezuela ao México.Menos no Uruguai e evidentemente que também não em Piriápolis.
Outro nojento de um grupo na praia - aqui ninguém tem que levar as traquitanas pra beira do mar. Tem barracas com tudo. Alias barraca é um nome que ficou pelo hábito, pois algumas são tão, digamos, sofisticadas, que tem piscina – grande, de nadar e mergulhar – garçons, bar, restaurante... Pois um nojento espaçoso e sua turma bebiam cerveja – outro detalhe: são sempre muito geladas – quando um deles levantou-se arregaçou a bombacha até os joelhos e vestido com uma camiseta onde se lia “Sou do Sul”, passou a mão na cuia de mate já cevado, meteu uma garrafa termina no sovaco e foi “chimarrear” na beira do mar. E quando a onda chegava mais alta, dava uns pulinhos! Sei lá pra quê. Mas, pensei, será o efeito da água morna do chimarrão com a cerveja gelada no estômago do nojento?
Dei uma gargalhada. O garçom que passava por perto me olhou e eu perguntei: o que é aquilo? “São os gaúchos”, ele respondeu perguntando. “O senhor é paulista, nénão?” - “Não, respondi, sou do Acre”! Juro pela santa mãe de Sepé Tiaraju!
Num intervalo das minhas escrevinhanças liguei a TV pra saber se o diretor da Petrobras ia ou não ia abrir a boca. Abriu pra dizer que não ia abrir a boca. Babaquice minha! Até as paredes sabiam. Mas, foi no exato momento em que o deputado Onix estava falando, chamando o cara de bandido, agarrado numa cuia de chimarrão e segurando uma garrafa térmica. Isso às 3 horas da tarde numa CPMI do Congresso Nacional.
Não estou negando “minhas raízes”, se é que isso existe; mas sou porto alegrense, onde esse estereótipo de gaúcho (não no sentido de preconceito, mas sim de modelo ou conceito estabelecido como padrão) só se vê na “Semana Farroupilha”. É que não suporto mais gente espaçosa; e aqui onde moro também tem muitas delas. E como tem!
NÃO É PRECONCEITO! É IGNORÂNCIA!
Terminada a disputa “dos eles contra nós”, “dazelites contra os menos afortunados (?)”, do “você é ladrão!” – ladrão é você!”sobrou o debate do resultado, acentuadamente, pelas redes sociais acusando os nortistas e principalmente os nordestinos de reeleger a Russef ou Rousseff (às vezes faço essa pequena confusão, pois os nomes – apenas os nomes, por favor – são tão parecidos!!).Foi uma eleição da esquerda contra esquerda, do sofisma ideológico vigarista, poucos dias antes do fim da Guerra Fria entre socialistas e capitalistas. Nesse domingo, dia 9, o mundo comemora a queda do Muro de Berlim.
O jornal O Globo publicou em editorial que “O desenho esboçado no primeiro turno, com a divisão do país em 2 grandes blocos, recebeu traços mais fortes: grosso modo, o Norte-Nordeste perfilado ao PT, o Sudeste/Sul/Centro-Oeste com a oposição. Fica evidente que o país que produz e paga impostos — pesados, ressalte-se — deseja o PT longe do Planalto, enquanto aquele Brasil cuja população se beneficia dos lautos programas sociais — não só o Bolsa Família —, financiados pelos impostos, não quer mudanças em Brasília, por óbvias razões.”
Bom: primeiro que não é “o Bolsa Família” já que o termo exige o artigo feminino.Como escreveram deve constar “o programa”. Segundo: o que pretendem dizer com “não quer mudanças em Brasília, por óbvias razões”? Que obviedade é essa? Terceiro: penso que é impossível manter um diálogo honesto e inteligente com a estupidez inculta do sectário seja ideológico ou teológico. Leio o que dizem – ou falam – para conhecê-los, mas jamais respondo, discuto, polemizo, essas coisas, com a insanidade.
Entretanto, e dessa vez, “mexeram com as minhas bichas” (quem é gaúcho e dos velhos sabe o que isso quer dizer). Ora, vivo no nordeste há mais de duas décadas, casado com uma nordestina e com ela tenho dois filhos nordestinos. Não saio em defesa deles, pois a eles, essas inutilidades, nem lhes “bate a passarinha”.
O editorial do O Globo sugere que os nordestinos são vagabundos; e vagabundo implica em subdivisões agregadas e indissociáveis de outras maledicências. Não gosto e não aceito esse Brasil político; gosto do outro, que é parte do mesmo sem nenhuma divisão ideológica, mas com suas características regionais. Assim como há em outros países: na Argentina um cordobês jamais desejaria viver em Buenos Aires; pedantes, italianos, falando espanhol e pensando que são ingleses. O pessoal de Trás-Os-Montes e Alto Douro, torcedores do Porto, detestam os lisboetas, em Portugal que não entendem o falar galego d´ls. Na Espanha a região basca tem sua própria língua, o catalão, e o Camp Nou (Campo Novo em espanhol) estádio do Fútbol Club Barcelona. O ETA (Euskati Ta Askatasuna – Pátria Basca e Liberdade) tentou ser outro país durante 51 anos. Foram exterminados em 2011. O tenor Josep Carreras exprime bem tal ideia: "Ser torcedor do Barça vai além do puramente esportivo. É o sentimento de raízes, de valores e de uma identidade de país: a Catalunha". E assim é mundo a fora; ninguém é igual nem há unidade. 
A “represidenta” - aprendi com Tio Rei - não foi reeleita apenas com os votos dos nordestinos; ela teve votos em todas as regiões do país e em todos os municípios. Com um pouco mais, ou um pouco menos num e noutro, ganhou na soma total; teve mais votos que Aécio Neto. Só com a diferença de 4 pontos percentuais, quase dentro da margem de erro estatístico não posso nem devemos confiar na “lisura do pleito” mesmo que o Tofóli me puna com multa. Apenas com os votos do  nordeste ninguém é eleito Presidente do Brasil. São 38 milhões de eleitores, este ano. Pode fazer a diferença entre perder e ganhar. Por isso é preciso ter votos no sul, sudeste e centro oeste também.

Assunto encerrado; leite derramado chama o gato. A questão agora é saber um pouco mais do nordeste tão apreciado para férias entre os sulistas e os sudestinos e imaginam que nessa parte do Brasil tudo é igual; comidas, sotaques, etc. Não é. Que mora no litoral tem outra estrutura cultural, diversa da de quem mora no sertão – que os sudestinos e os sulistas, na maioria, apenas têm conhecimento, eventualmente, pelo cinema ou pela literatura. Em 1824 A Confederação do Equador, um movimento revolucionário de caráter separatista e republicano Nordeste, reagiu contra a tendência absolutista e a política centralizadora de D.Pedro I, contida na Carta Outorgada de l824, nossa primeira Constituição. Porém, como penso que todos sabem o movimento revolucionário republicano nordestino foi esmagado um ano depois. Como também foi dez anos depois do início em 1835, a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina,  por D. Pedro pai. Motivos e causas à parte, muita gente ainda hoje quer separar o Brasil na conversa, nas escritas, nos editoriais de jornais e redes sociais.
Quem não conhece ou pelo menos já ouviu falar em Caetano Veloso, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Caetano, Gil, Fafá de Belém, Tom Zé, Torquato Neto, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Fargner, Belchior, Ednardo, Reginaldo Rossi, Waldick Soriano, João do Vale, Zeca Baleiro, Alcione, Raul Seixas, Dorival Caymmi e família; a lista é grande. Não é preciso gostar – ou conhecer – todos, mas  eles existem, ou existiram.
E no humor de Tom Cavalcante, Renato Aragão e Chico Anysio além de mais da metade dos alunos da antiga Escolinha do Professor Raimundo, todos nordestinos.
Na música erudita, dos compositores Alberto Nepomuceno, Paurillo Barroso, do cearense Eleazar de Carvalho. Ritmos e melodias nordestinas inspiraram Heitor Villa-Lobos. Na Bachiana Brasileira nº 5, na segunda parte - Dança do Martelo – faz referência ao sertão do Cariri, uma região do sertão do Ceará com oito cidade, um milhão de habitantes, 3 Universidades, sendo uma delas Federal,12% da população adulta com curso superior completo,Museu Paleontológico com fósseis de animais que viveram na região há milhões de anos, metrô e aeroporto de porte com voos diretos ao Rio e por toda a região. Além do mais, terra do Padim Ciço Romão Batista.
Na literatura brasileira são nordestinos João Cabral de Neto, José de Alencar, Nelson Rodrigues, Rachel de Queiroz, Gregório de Matos, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Jorge Amado, José Lins do Rego, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna que a pouco se foi, e Clarice Lispector, nascida na Ucrânia declarava ser pernambucana.
E os jornalistas Ricardo Noblat, Geneton Moraes Neto, Xico Sá, Assis Chateaubriand, Rachel Sheherazade, Audálio Dantas, Lêdo Ivo, Carlos Castelo Branco, o Castelinho – os mais velhos sabem quem foi -, Joel Silveira, Ancelmo Góis, Sebastião Nery, Gervásio Baptista – fotografo das revistas O Cruzeiro e Manchete, o pai do fotojornalismo brasileiro.
E tem mais; muito mais além de políticos, filósofos, militares e de uma centena de profissões e atividades que saíram do nordeste e foram fazer um Brasil mais culto, mais civilizado, mais importante ao lado de brasileiros de outras regiões. Mas, brasileiros, não somos todos iguais e nossas diferenças são muito maiores do que em geral acredita a maioria. Tanto quanto um gaúcho de Horizontina, noroeste do Rio Grande do sul, terra de Gisele Bündchen, onde a maioria de seus habitantes fala dialeto alemão “Riograndenser Hunsrückisch”, não pode ser igualado a outro de Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, mais perto de Montevidéu do que de Porto Alegre. Também não iguala um mineiro de Belo Horizonte com outro de Uberlândia; esse culturalmente tem mais a ver com um goiano assim com um de Juiz de Fora é quase carioca. Mineiros do Vale do Jequitinhonha mais parecem com nordestinos do Raso da Catarina.
Em Salvador, que os sudestinos chamam de Bahia, tem baiana, tem caruru, tem mungunzá, acarajé, berimbau, candomblé, Olodum, Carlinhos Braum (!) e Ivete Sangalo. Tem saveiro, pescador, peixe e camarão. No sertão não tem. Tem é gente que nem sabe que isso existe. Come outra comida, não dança Axé nem frequenta candomblé. É cristão sertanejo como são todos os sertanejos dos oito Estados nordestinos. Um cristianismo que o sul e o sudeste jamais viu e quando ver não entenderá; sua liturgia,seus cânticos,suas práticas,sua linguagem.
Quando um sulista ou sudestino entrar na caatinga de areia vai sentir o calor seco e sufocante, os arranhões da Jurema e o que é sede. Talvez compreenda por que votam em quem lhes dá um “dinherim” pra compra farinha, café, açúcar, ”água de beber”e se sobrar um “pucadim”, uma alpercata pra um dos “mininim”. Vai entender que esse voto não é igual ao dos pobres sudestinos. Vai entender que esse voto vale mais; é o que lhes garante a vida, ainda que breve, pois é sua única proteção contra a morte. Para eles, o que importa se é esmola? Se é politicagem populista, eleitoreira, “indústria perpétua da seca”? Importa é que o “coroné mandou votá” e o Padim Ciço tá ajudando. É dessa obediência ao cabresto e dessa fé que vem o “dinherim”. Não é da Bolsa Família, mas é a Dilma que manda. O povo, eleitores de todas as classes socioeconômicas, não vota em propostas, em projetos, em direita ou esquerda. Vota em nomes, em quem lhes assegura realizar seus desejos, suas necessidades, suas crenças, suas aspirações. Seja a Neca Setubal ou o Zezim do Bode. E ganha quem pode com meios que justifiquem os fins.

Nota: agradeço a colaboração, nas pesquisas necessárias, de Vulpino Argento, o Demente, suplente de senador, condenado a 45 anos de prisão há poucos meses, mas já gozando as delícias de cumprir a pena em regime aberto.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A ÉTICA E A MORAL DE BUNDA DE FORA
Há meses não publico nenhuma crônica e nenhum artigo, pois estou muito ocupado a escrever mais um livro. Fiz uma pausa e escrevi e também publiquei no http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4945240 um artigo quando meu amigo de mais de duas décadas, Xyco Theóphilo, jornalista e depois publicitário, morreu em apenas quatro dias de internação numa UTI de um hospital após ter sido atacado por uma violenta bactéria.
Mas é difícil, nesses tempos de internet, ficar alheio ao que vai pelo mundo, como se dizia antigamente. Não que me abale histericamente com a morte súbita de um político em plena campanha eleitoral, num acidente aéreo, nem o carnavalesco velório, nem os 17 minutos de foguetório com o caixão do morto a beira da cova esperando para ser sepultado; nem na frase, como sempre fantástica, da Dilma: “ A morte tirou a vida de um jovem político promissor.” Como eu não sei o que mais pode tirar a vida senão a morte, acredito no que ela disse.Ah, a morte! Sempre atrapalhando a vida.
Também não me surpreende Marina Silva, magrinha como um pé de pau seco, ocupar a posição que está, segundo as pesquisas de intenção de voto,na “corrida” ao Palácio do Planalto. Essas coisas acontecem; já aconteceram antes. E o povo brasilino é chegado a fortes emoções. Essas coisas não me tiram o sono.
O que me faz acordar assustado é quando recebo mensagens durante o sono como a desta noite. Tupã mandou me dizer, através da Caipora, que Maraýyh (é o nome nativo acreano de Marina) será eleita presidente da republica. Porra! disse eu em bom português. A La varí lammá! disse a Caipora mensageira falando em línguas. Mas não se aflija, pois nada vai mudar. Tudo continuará a lesma lerda de sempre. Como Maraýyh não tem partidos políticos que lhe deem sustentação para governar aceitará o apoio do PT, de onde um dia saiu de mãos dadas com a bela Erundina, da FEBRABAN, da turma do agro negócio sob a proteção da senadora Kátia Abreu e do PMDB, sempre alerta e disposto a ajudar quem precisa. Tudo isso sob o comando da Neca.
Mas como isso pode acontecer? perguntei abestado como jumento solto na estrada.
É que todos concordam e entendem os “eixos programáticos”, pois são “brasileiros socialistas e sustentabilistas”. Além disso, ela vai cuidar da “borda dos desfavorecidos” com “democracia de alta intensidade” para “ampliar a dimensão dos controles ex- post frente à primazia dos controles ex-ante”, tudo isso dentro de “um novo Estado”. É, faz sentido! respondi dormindo.
Acordei com febre achando que estava com malária. Mas Tupã sabe das coisas amazônicas e a Caipora não mente.
Outro assunto – uma coisa puxa outra – foi ver a guria gremista chamar o goleiro Aranha de macaco e por isso ser punida severamente. Ora num campo de futebol – desculpem, Arena – se diz qualquer coisa, se xinga todo mundo e palavrão é palavra de ordem. A imprensa deu ao fato um destaque desmesurado e hipócrita tratando-o como racismo, um crime, coisa grave. Sou de outra época e talvez não entenda que tudo mudou. Pode ser. Se um gerente “der uma dura” num funcionário relapso pode ser processado por “assédio moral”. Se uma gostosa e bem fornida de atrativos físicos passar por um colega de empresa no corredor e ele olhar pra traz, ela pode acusá-lo de “assédio sexual”.
Sou do tempo que diretor de empresa almoçava e jantava a secretária de livre e espontânea vontade e interesse. Quem dá o que tem apenas faz o bem. O patrulhamento hipócrita, o politicamente correto, a ética e a moral de bunda de fora me aborrecem. A falácia bem vestida me irrita.


terça-feira, 22 de julho de 2014


MORREU XYCO THEOPHILO

A amizade, esse tipo de relação humana que pressupõe recíproco conhecimento, lealdade e afeição, pode originar-se no instinto de sobrevivência da espécie. Acredito nisso porque tive e tenho alguns amigos que me mantém vivo. Xyco Theóphilo foi um deles. Não fui certamente “seu melhor amigo”, um termo ambíguo, pois acredito apenas num tipo de amizade; nem melhor, muito menos pior. Entretanto, ele sim foi meu melhor amigo.

Na falta de melhor texto para expressar meu sentimento relativo à morte do Xyco, fui buscar ajuda nos livros; em alguns autores. Bertrand Russel em “A conquista da Felicidade”, numa tradução livre, diz que “se nos fosse dado o poder mágico de ler na mente uns dos outros, o primeiro efeito seria sem dúvida o fim de todas as amizades." Não creio que o Xyco tivesse esse poder mágico, mas, com toda certeza, se tivesse compreenderia e manteria cada uma das amizades, mesmo que fosse a distância por sábia precaução, pois sua generosidade não permitiria ter outro sentimento; não trocaria por ódio, ressentimento.

Mesmo para com aqueles que lhe negaram ajuda, que não aceitaram suas recomendações e pareceres profissionais; suas “sugestões criativas”. Nem mesmo aos que não lhe pagaram por seus serviços de qualidade em detrimento de amadorismos baratos e ineficazes.

Li num jornal que Xyco foi “um ícone da propaganda cearense”. Não foi. Se usaram ícone como metáfora para “alguém importante” erraram; talvez tenham seguido uma convenção popular amplamente aceita. Nesse caso ele foi muito além disso com sua cadeira de rodas, um obstáculo maior, muito maior, do que os que encontrava pela frente.Degraus,calçadas esburacadas ou a falta delas; idiotas caminhantes estacionando seus carros nas vagas dos cadeirantes, ajudantes indispostos, veículo especial,motorista,cuidadores que pudessem e que quisessem transportar seu corpo de pernas inertes para a cadeira de rodas depois de ter que montá-la para acomodá-lo.

Xyco superou tudo isso – e quem sabe lá o que mais – com uma alegria e uma disposição até seu último dia de vida. Nunca se entregou; jamais o ouvi reclamar. Ao contrário ele ouvia minhas reclamações, minhas críticas, minhas descrenças, como um monge sob rodas.

Certa vez, quando entrei na sala dele, contornei sua enorme mesa sempre bagunçada, abracei sua cabeça e dei-lhe um beijo na testa, como sempre fazia. Não por comiseração ou outra estultice qualquer, como poderia parecer, mas sim porque eu gostava de fazer isso.

Mas ele estava com outra pessoa tratando de negócios ou sei lá do que. Desculpei-me pela invasão e logo fui saindo de fininho quando a tal pessoa disse: “vocês devem se gostar muito! Parecem irmãos!” Respondi que não; era apenas viadagem. E saí ouvindo as gargalhadas do Xyco.

Não, a propaganda cearense não perdeu um ícone. Perdeu sim um de seus grandes publicitários, que a ela deu  relevância, inclusive na formação de outros profissionais. Ícones são outros já que muitos deles se acham como tal; são os tais e assim continuarão até seu último dia com o mesmo layout e o mesmo texto varejista de ofertas, imobiliário paradisíaco e institucional de elogios; enquanto os estagiários farão anúncios e outras “peças de propaganda” por um preço bem mais em conta. Perderam Xyco aqueles que o amavam, respeitavam e o admiravam.

 

Xyco tinha defeitos, seguramente. Não sua paraplegia, que era apenas uma condição. Falo de comportamentos, pensares, agires...imperfeitos porque humanos e que certamente foram banidos e esmagados por suas qualidades.Não falo de virtudes pois aprendi com Nietzsche que o que o mundo denomina virtude não é usualmente senão um fantasma formado por nossas paixões, ao qual se confere um nome honesto para fazer impunemente o que se quer.

Para mim Xyco acabou. Fica, porém, profunda e intimamente marcado em mim o que ele foi, fez e a lembrança dele. Essa sim a única possibilidade de eternidade, uma condição que não é dele, mas minha e por todo o tempo enquanto eu também não acabar. E o que é mais significante: ele sabia disso.

sábado, 14 de junho de 2014

COMEÇOU! A BOLA JÁ ESTÁ ROLANDO.


Não gosto de escrever sobre futebol por que não entendo nada do assunto, exatamente como o Galvão Bueno. Mas gosto do jogo. Não vou a estádios por absoluta falta de saco – desculpe eu quis dizer paciência – para me enfiar, ou ser enfiado, nomeio da multidão; nem hoje nem quando tinha 50 anos a menos de idade.

Assisto jogos de futebol pela ESPN que não tem papas na língua, pois não pertence a nenhum grupo de mídia brasileiro; principalmente, mas nem sempre, os jogos dos campeonatos europeus, onde se joga o melhor futebol do mundo e de onde vêm, aliás, a maioria dos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol.

Pois para mim a Copa do Mundo começou em 2007 com aquela farsa do sorteio da sede do Mundial de 2014. Mas isso é outra história que quem entende de futebol, é jornalista esportivo, e sabe muito mais dessa história pra boi dormir.

Digo isso porque eu, como todos os brasileiros, é claro,  acompanhei como é que a FIFA faz uma Copa do Mundo. É assustador o poder que tem. Capacidade de impor o que quer: coagir, tripudiar, cooptar Governos, alterar leis federais, exigir a construção de novos estádios de futebol; chama-los de Arena e vender o nome. Exigir a construção de vias públicas e meios de transporte e tantas obras mais com a falácia do legado, beira o domínio de um país colonizador sobre outro. Só faltou nos impor um idioma oficial.

Nas cidades sedes seus moradores passaram por obrigações absurdas, não só no entorno das tais Arenas. Em Salvador, um dia antes da abertura da Copa, a Presidente e o Governador baiano inauguraram o metrô, em construção há 12 anos – um trecho de meia dúzia de quarteirões de um “projeto de 38 km”.

Em Fortaleza, a construção do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos foi suspensa pelo Governador alegando que as três construtoras “não estavam dando contas do recado” e  cancelou os contratos. O que houve foi que a obra parou no meio do caminho, literalmente, porque o governo não conseguiu a desapropriação de centenas de casas plantadas no trajeto há mais de 40 anos, tudo sob o comando de um “líder comunitário” filiado a um ajuntamento chamado de partido político adversário do governo de plantão.

Li por aí que a Copa a 100 dias do início da competição já custava 35 bilhões de reais. Dinheiro que ninguém sabe bem de onde saiu: das empresas privadas, dos governos (federal, estadual e municipal), de patrocinadores, da CBF, dos bancos federais ou da casa da mãe Joana, que nesse caso da na mesma.

Não acredito que com esse dinheiro todo o governo poderia fazer melhorias para a população quanto aos sistemas de saúde, educação, segurança, transporte e tudo mais que o país precisa; o que o governo faz é gato e sapato – e ambos dos mais chinfrins – com nosso dinheiro; sobretudo esse que foi eleito e reeleito com 47% dos votos dos infelizes miseráveis do Brasil e aparelhou o Estado com a mesma receita que partidos políticos tanto da esquerda quanto da direita já fizeram em vários países e alguns, os que sobraram, ainda fazem.    

Mas volto à parte principal desse artigo. O conhecido cantor e compositor cearense Raimundo Fagner disse não. "Fui convidado para fazer as Fan Fests e desde o começo recusei. Até porque não gosto de cantar em Copa. E a produção, da FIFA com a TV Globo, acha que o artista está se sentindo muito bem em estar ali, tem até que pagar para estar ali. Achei meio ridículo. As condições que ofereceram, desde novembro, são como se a gente que estivesse querendo ir. Não é esse meu caso. Recusei convite da FIFA, da TV Globo, do governo do estado, da prefeitura. Não quis fazer. Pra mim não é essa visibilidade. Não achei a oferta legal e tem muita gente precisando aparecer. Não me interessei em fazer".

As Fan Fests da FIFA são uma espécie moderna, século XXI, do Coliseu dos séculos II e III em Roma. Nessas não se matam cristãos nem gladiadores lutam até que um deles morra. A barbárie promovida pela FIFA é mais civilizada: um espaço público cercado, ruas interditadas, com palco para “atrações” e telões, com entrada gratuita depois de passar por rigorosa revista. É que ninguém pode entrar com bebida alcoólica. Não sei se bêbado pode. É aí que o povão vai assistir a Copa

Quem será que vai entregar o troféu de campeão da Copa do mundo? Deveria ser a Dilma. Porém depois da xingadela da abertura acho que não ela não vai. Dilma foi ofendida, dizem alguns, condenando a atitude de parte da torcida; falta de respeito, dizem outros, falta de educação. Bueno, a Dilma foi xingada como se faz com o arbitro do jogo ou com qualquer jogador que não faz o que a torcida espera; inclusive  os treinadores.

Há quem ache que a frase foi pesada de mais; foi com um palavrão; “nome feio” como se dizia antigamente. Quanto à frase ser pesada de mais é o de menos. Além do que xingar alguém sem palavrão não é xingamento e deve ser porque o xingado fez – ou deixou de fazer – alguma coisa bem feita. Coisa boa que a maioria esperava e o xingado não fez.

Por que o povo não pode xingar um Presidente da República? Pode sim! Tanto quanto elogiar, o que certamente não é o nosso caso. O Lullla sequer conseguiu dizer “declaro aberto os Jogos Pan-americanos” em 2007. Quem lembra?

Então quem vai entregar o Troféu? Gisele Bündchen, convidada pela FIFA, agradeceu e disse quem não vai. Se eu for convidado aceitarei na hora. Meu cachê? Cobro 1% do faturamento da FIFA nessa Copa do Brasil. Aceito vaias e todo e qualquer tipo de xingamento. I’m bad ass!

Delírio a parte, algumas coisas me intrigam. Por que será que  chamam um troféu – seja lá o formato que tenha – de taça não sendo uma taça. Nenhum troféu de  nenhuma Copa do Mundo teve o formato de uma taça. O que mais dava essa impressão, e talvez por isso, ser chamado de taça, foi o troféu que Jules Rimet, então presidente da FIFA em 1929, que mandou um artesão Frances fazer o troféu da Copa do Mundo. O troféu Jules Rimet era a figura mítica da Vitória alada segurando sob a cabeça um vaso de oito lados, uma copa, feito de ouro. O Brasil quando em 1970 ganhou o tri campeonato ficou em definitivo com o troféu que foi roubado e derretido – ah Brasil! – e jamais encontrado. E o pior: quem roubou?

Por isso esse torneio mundial de futebol tem o nome de Copa do Mundo. Copa que também pode ser a parte superior das arvores, aquela sala junto à cozinha que havia na casa de meus avós, em Alfredo Chaves –ops! Veranópolis – a parte de cima de um chapéu, entre outras coisas; talvez até mesmo uma taça. Mas eu prefiro troféu.

Como já escrevi em outro artigo, vai ter Copa, está tendo Copa, as passeatas continuam ridículas, perigosas e ameaçadoras já que não há foco na reclamação. Qualquer coisa é motivo; ninguém se entende. Não são ideológicas de direita, como foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade liderada pelo fundamentalista cristão Plínio Correia da TFP contra a “ameaça comunista”(!!!!) de Jango um estancieiro gaúcho. E nem ideológica de esquerda, como a das “Diretas Já”, organizadas por Partidos Políticos. Assim a polícia continuará batendo e gozando, jornalistas sendo feridos e os “Black Blocs” (essa invenção da TV Globo, que “pautou” todas as outras, viu nos vagabundos brasileiros de sempre- agindo isoladamente e não em bloco- os jovens alemães mascarados que na década de 1980 protestavam contra a construção de novas usinas atômicas naquele país. As mascaras representavam o perigo atômico não era pra esconder o rosto e vestiam-se de preto representando a morte; daí black bloc – bloco negro. Ah essa TV Globo!).

Pois os BBs brasilinos continuarão quebrando paredes de vidro dos bancos, atrapalhando o trânsito, e enchendo o saco de quem não tem nada a ver com isso e nem eles ganharão. Nem cadeia. Os estádios estarão lotados de gente da classe média alta pra cima – notei no jogo Brasil 3X1 Croácia (com dois gols contra: um do Marcelo e outro do goleiro Pletikosa que botou pra dentro do gol a bola que o Neymar chutou): todos brancos, mulheres lindas, homens bonitos, “bem apessoados”, todos com seus cabelos cuidados, óculos, calças jeans e tênis de grife, como dizem, brincos, dentes perfeitos em largos sorrisos, xingando a Dilma na tribuna de honra com cara de quem pensava: “essa gente vai me levar pro segundo turno”, entre o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, com cara de “quem sou eu, onde estou, qual é minha serventia”, e Sepp Blatter com cara de “ pelos poderes da FIFA, eu tenho a Força”. Tenho a impressão que um dia a FIFA será uma religião universal, um partido político global ou um governo único mundial; alguma coisa orwelliana.

Quanto à “festa da abertura”, não se pode negar: pior seria impossível, insignificante, bastarda como o PT. Homens fantasiados de gaúchos com as mangas das camisas ao estilo rumbeiro-chachacha, e as araucárias da Amazônia, porém, estavam perfeitas. Enfim é o que dá a FIFA contratar uma coreógrafa belga. Até hoje sempre me disseram que pitbull é um baita de um cão feroz; não é! É um idiota de cabeça raspada. Eu vi.

O povão ficou em casa, nas bodegas, nas Fan Fests e o Brasil continuará como sempre; com esse jeitão meio vira lata, deslumbrado e reelegendo o Lullla para seu quarto mandato; a Dilma continuará laranja.

Vamos então aproveitar. Assistir aos jogos, torcer, beber cerveja, vaiar e xingar quem quer que seja dentro dos estádios como se faz em qualquer jogo de futebol onde quer que ele seja jogado porque essa é a Copa das Copas, o que passa a ideia de ser a última; jamais haverá outra.

Mas, como a Primeira Guerra Mundial foi chamada de a Guerra das Guerras, pois jamais haveria outra e isso não aconteceu, até a Rússia em 2018.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

YES, NÓS TEMOS BANANA. MAS NÃO SOMOS TODOS MACACOS.


 
O início da Copa do Mundo de Futebol está cada vez mais perto. Os estádios, agora chamados Arenas, estão quase prontos e na maioria deles falta uma coisinha aqui outra ali.

Nem falo do trânsito, que agora se chama mobilidade urbana, que é caótico nas grandes cidades de segunda a sexta feira, infernal no sábado e diabólico nos “domingos de futebol”.

Mas nada vai dar certo; ou seja, será como sempre foi e como é de costume. Detesto a frase: “quero ver na Copa?”. Nosso estilo cachorro vira lata, nessas grandes festas, toma conta do inconsciente coletivo. “Legado” já não se fala mais; levou um cartão vermelho e saiu de campo e entrou o “racismo”.

A mais bestial escravidão de negros africanos foi a que os portugueses praticaram por séculos no Brasil. Os portugueses foram imbatíveis em castigos brutais, físicos, morais, culturais, além da compra e venda e da corrupção nesse negócio. Chefes tribais vendiam seus prisioneiros aos portugueses. Deixo a escravidão negra do sul dos Estados Unidos de lado, porque as causas e as razões deles eram completamente diferentes.

Nós, os brasileiros, gostamos de pensar e dizer que não somos racistas; se há alguma coisa contra os negros é um leve preconceito de cor. Mentira! Somos racistas e preconceituosos – brancos, negros e índios - desde os tempos em que fomos achados pelos portugueses. Os índios que Pero Vaz de Caminha descreve na carta que mandou ao rei Dom Manuel, eram, digamos ingênuos e deslumbrados. Depois eles descobriram tribos ferozes, guerreiras, preconceituosas e até antropófagas, como os Caetés que comeram o primeiro Bispo do Brasil Dom Pero Fernandes Sardinha e mais outros 100 sobrevivente do navio naufragado na costa de Alagoas.

Somos tão preconceituosos e racistas como é a humanidade. Mas temos nossos truques: negros se acham mulatos; brancos chamam negros de pretos ou, o que é pior: “de cor”. E também achamos que alguns negros são tão bons que tem a alma branca. Nossa hipocrisia é escondida debaixo do tapete racista.

Na América do Sul somos o país que manteve a escravidão como um negócio “tipo importação”. Pouquíssimos países sul americanos escravizaram os negros. Nos países andinos, a população foi escravizada, roubada e assassinada por espanhóis. Os argentinos, que dizem ser italianos, falando espanhol e achando-se ingleses. Maldade: são apenas os buenairenses, os ingleses vendiam escravos negros que eram mandados para a Guerra do Paraguai. Além disso, os espanhóis não eram chegados numa negra como eram os portugueses; daí a miscigenação insignificante.   O Uruguai é um pedaço do Rio Grande. Não tivesse sido uma colônia portuguesa encravada em território guarani, seria todo nosso; dos gaúchos da província de São Pedro, e talvez uma país vizinho do Brasil.

Mesmo assim, nos países andinos, com população quase 100% indígena, sem negros, sem miscigenação com africanos, nos estádios de futebol gritam e fazem gestos de macacos quando a bola está com um jogador negro.

Daniel Alves quando come uma banana que um imbecil lhe joga na cobrança de um escanteio, está dizendo: “sim sou macaco. Obrigado pela banana. Estava com fone.” É a afirmação de nosso jeito vira lata de ser. Deveria ter mandado o bandeirinha tirar a banana do seu caminho em direção ao escanteio. Não sei no que daria esse gesto, como também não sei o que o bandeirinha, cobrindo a boca com a mão esquerda, disse para Daniel Alves.

Não há porque indignar-se por ser chamado de negro ou de macaco. No Brasil do século XXI com mais de 200 milhões de habitantes, exceto os europeus naturalizados, não há um só brasileiro que não tenha, pelo menos um cromossomo, entre os 46 que um homem e uma mulher precisam juntar para fazerem outro ser humano, que não seja de negro ou de índio. Somos todos, índios, negros, brancos, caboclos, cafuzos e mamelucos com “cores diferentes”. Não somos macacos.

As tais redes sociais me lembram de um provérbio português que diz “aonde a vaca vai, o boi vai atrás”. Novos tempos, velhos hábitos. A quantidade de idiotas, famosos e anônimos, comendo ou mostrando banana na internet não é solidariedade nem indignação e não muda nada. É um bom momento de aparecer. Só isso. Minha preocupação é que, com esses borbotões de gente comendo banana, suba o preço da fruta devido a forte demanda.

Neymar, além de jogar futebol, é também conteúdo de mídia. Vale outros tantos milhões, além do que já vale com a bola nos pés. A Campanha “#somostodosmacacos” é ideia de uma Agência de Propaganda. A foto dele com uma banana e o filho branco, já estava pronta, fato que agora todo mundo já sabe. A atitude espontânea do Daniel Alves, apenas antecipou a veiculação. Criou o “timing perfeito”, como disse o criador da campanha.

O lateral brasileiro, porém, não gosta da tal campanha marquetífera #somostodosmacacos. Não porque ele seja “criacionista”; que acredita que todo o universo foi criado do nada por um único e verdadeiro Deus – que é o Deus deles. Daniel Alves também não é “evolucionista”, que prefere a lógica da ciência e a teoria criada por Charles Darwin que afirma que todos os seres vivos veem de uma mesma matriz genética: galinha nasce de galinha, hipopótamos de hipopótamos, formiga de formiga, macaco de macaco e o homem, o ser humano de um ser humano.

A igreja Católica Apostólica Romana ficou indignada e tratou de espalhar entre seus fiéis que “Darwin disse que o homem evoluiu do macaco” e, portanto não foi criado por Deus. Mentira, mais uma, da Igreja. Darwin referia-se a evolução natural das espécies – porque nesse planeta nada permanece igual para sempre. Comparem a mulher de um hominídeo de 2 milhões de anos com a Iris Valverde, por exemplo.Dá pra notar!

O que mais me importa é que Daniel Alves não gosta da campanhazinha idiota do Neymar conteúdo de mídia. “A gente é a evolução disso, somos humanos e todos iguais. Acho que é isso que devemos defender”, ele disse. Não, não somos todos iguais, Daniel.

A Copa está chegando e nada vai dar certo. Já estamos acostumados; vivemos assim. Mas as seleções estrangeiras estão preocupadas com as notícias sobre o Brasil que eles leem em seus jornais. E nós admirados dizemos: “quero ver na Copa!”

O que é publicado na imprensa estrangeira é produzido aqui mesmo. São os correspondentes que moram aqui; alguns deles há muitos anos e casados com brasileiras. E como dizia um velho jornalista: “notícia é quando um homem morde um cachorro. O contrário não é notícia. É normal.” Os correspondentes vivem aqui e sabem muito bem o que estão escrevendo para seus jornais e revistas.

Para europeus e norte americanos, o Brasil é um país exótico. Daí a preocupação das delegações e das seleções de futebol. Seus jogadores valem milhões de euros. Segundo a ESPN, a Seleção da Coréia do Sul vale 46,1 milhões de euros, ou seja: 104,6 milhões de reais. A seleção japonesa vale 105,8 milhões de euros; 240,1 milhões de reais. A Bósnia e Herzegovina vale 121 milhões de euros; 274,7 milhões de reais. A seleção holandesa vale 161,6 milhões de euros: 366,8 milhões de reais. Quantas empresas brasileiras valem, por exemplo, uma seleção uruguaia – 185,2 milhões de euros; 420,3 milhões de reais?

Vou destacar mais algumas. Inglaterra: 312 milhões de euros; 702,2 milhões de reais. As seleções italiana e belga tem quase o mesmo valor. As seleções argentina e espanhola andam em torno de 500 milhões de euros (pouco mais de 1 bilhão de reais).A nossa seleção vale exatos 508,7 milhões de euros – mais de 1 bilhão e 150 milhões de reais.

Com deslocamentos absurdos em distâncias continentais, mudanças de temperaturas rigorosas, (em junho, em Manaus pode fazer 40º. Em Porto Alegre, 0º graus) hotéis, campos de treinamentos e outros detalhes são as preocupações dos dirigentes das seleções. Imaginam uma sucuri – que eles chamam de anaconda - no quarto de um hotel em Manaus, entre outras “possibilidades” como mosquitos gigantes com picaduras dolorosas. Há sim que preocupar-se com pés milionários.

O que está em jogo não é apenas um singelo troféu, mas os resultados econômicos e financeiros que ele significa ao vencedor, para os jogadores e comissão técnica, patrocinadores e para os “donos” dos clubes. E claro que o vencedor faz festa, vibra, chora de alegria numa exaltação ao melhor, ao campeão. Mas são profissionais; ganhou, ganhou! Perder faz parte do jogo. Amanhã tem mais.

Os torcedores não. Esses sofrem com a derrota e muitos se sentem humilhados; feridos em seu “brio patriótico”. Antigos ódios renascem novos surgem; diferenças étnicas, religiosas, culturais. O eurocentrismo colonial e outras divergências que diferenciam os seres humanos ocupam seus lugares nas arquibancadas.

E entre eles estão pessoas das mais diversas classes socioeconômicas; na Alemanha um jardineiro ganha, em média 1.675 euros por mês. Com esse salário ele chega ao Brasil com mais de R$ 5.000,oo hoje.No Brasil, um professor universitário em início de carreira ganha R$ 1.700,oo. Um operário europeu chega ao Brasil com muito dinheiro para passar aqui alguns dias. Entre ele os arruaceiros, que os ingleses chamam de hooligans, numa tradução literal. São tão ou mais ferozes que algumas de nossas “torcidas organizadas”, uma excrescência enfiada em todos os clubes de futebol do planeta.

Há quem diga - não sei de onde tiram certas bobagens - que os arruaceiros deles se juntarão aos nossos, como amiguinhos desde criança; os black blocs brasilinos e os hooligans europeus. Nesse caso teremos uma verdadeira integração entre os povos; coisa que, dizem, só o futebol consegue.

Nós já sabemos quem são nossos Black blocs; são uns poucos militantes apoiados por um partido político, um ajuntamento chamado PSTU, que durante as já aborrecíveis passeatas de protesto contra qualquer coisa, defendem o uso da violência.O que não tem dado certo só porque a polícia é mais rápida e mais violenta que eles. Os arruaceiros europeus, sobre tudo os ingleses, os hooligans, estão sendo desmoralizados. O jornal inglês The Sun, um tabloide, um formato raro entre nós com algumas exceções (Zero Hora, em Porto Alegre, “herdeira” da Última Hora que não existe mais, assim como a Folha da Manhã, a Folha Esportiva e a Folha da Tarde, todas irmãs do Correio do Povo dos anos que trabalhei lá) publicou uma notícia em destaque bem ao seu estilo escandaloso, que o brutamontes  Burly Allen,torcedor de um time da quarta divisão inglesa e um furioso e famoso hooligan, vai mudar de sexo. Não vejo nada de mais em alguém mudar de sexo ou apenas ser homossexual, já que isso é uma das condições sexuais humanas, e nem mudar de sexo já que a medicina tem hoje condição para fazer essa modificação em quem assim desejar. Mas não entendo como Vulpino Argento, o Demente, suplente de senador pode ser LGBT ao mesmo tempo; tudo junto incluído.

Chama-me atenção, porém tratar-se de um hooligan; um indivíduo que tem um comportamento social que difere visivelmente do de um homossexual. Conheço diversos homossexuais e alguns deles, são meus amigos há 50 anos. São gentis, educados, inteligentes, cultos, amigos, sinceros, (viadagem ou bichice já é outra coisa) entre outras civilizadas qualidades. Oposto ao hooligan que disse ao The Sun que ano passado concluiu que seu estilo de vida estava, de certa forma, (de certa forma?) errado.  “ Eu costumava bater em pessoas. Eu ia aos jogos do Exeter e do English Team para brigar. Bater em suecos era muito divertido. Mas, na verdade, eu lutava contra algo que eu queria ser. Eu tentava me conformar em ser um homem e vivia uma vida infeliz”.

Burly Allen, um ex hooligan, e certamente com outro nome, agora assiste jogos de futebol comportado como uma Lady inglesa com um ridículo chapeuzinho de festa a adornar-lhe a cabeça. Quero ver na Copa?

Se o campeão for a seleção que jogar melhor do que todas as outras, será a Alemanha. Mas se a decisão for no tapetão voador do Blater (com o Dilmão e o Lula de convidados, como “recompensa”), ganha o Brasil. E todos cantaremos, como em 1970, a mando do General Médici, o ditador militar de plantão: “Esse é um país que vai pra frente.ou,ou,ou,ou,ou.” Ou então, “Yes, nós temos banana!” como cantava a luso brasileira Carmem Miranda. 

 
 

quarta-feira, 12 de março de 2014

NADA ACONTECE POR ACASO. DIFÍCIL É ACHAR OU ADMITIR AS CAUSAS


Há uma frase muito conhecida, principalmente, entre os gaúchos que vivem mais próximos das fronteiras argentina e uruguaia. “No creo me brujas, pero que las hay,las hay!” Esse é um dito popular castelhano; não é português. Daí ele ser mais restrito a essa região.

O sobrenatural, as coisas e as pessoas, foi a solução encontrada pelos seres humanos para explicar o que não conseguem uma explicação. Sobre tudo quando o acontecimento não é bom; se for é milagre.

O desaparecimento do avião da Malaysia Airlines, voo 370, uma tragédia que pode ter matado centenas de pessoas, continua sendo um mistério. O avião simplesmente sumiu dos radares de terra, não há destroços sobre sob a água do sul do Mar da China, nem sobre a terra e tudo o mais que já se sabe há dias.

Dizem os especialistas que um avião não cai por um único problema; por apenas um único defeito ou mau funcionamento de uma única peça mas sim por uma sucessão de falhas. Os religiosos acreditam em muitas outras coisas que vão de destino até a vontade divina. Já os que não acreditam em bruxas, mas apenas na existência delas, ficam com a pulga atrás da orelha.

O jornal Washington Post revela que os smartphones de alguns passageiros “estão ativos e conectados com a rede, mesmo com o avião desaparecido”. Essa notícia sinistra ainda diz que alguns parentes “ligaram para os celulares de seus entes queridos” através de um serviço de mensagens chinês chamado QQ. Um alto funcionário da Malaysia Airlines informou que a companhia aérea já havia tentado ligar para os celulares do pessoal da tripulação e que eles também estavam chamando, mas ninguém atendia. Diz ainda o Washington Post que um homem levou dois policiais a casa dele no domingo à noite para testemunhar que a conta QQ estava ativa em seu computador. Porém num determinado momento, quando não estava prestando atenção, ele disse, subitamente a conta havia sido desligada.

As autoridades chinesas, entretanto, não estão dando a mínima importância a esses acontecimentos relatados por parentes desesperados.

Aqui no Brasil coisas misteriosas e sobrenaturais acontecem todos os dias e são mais comuns do que o resto do mundo pode compreender. Nós, os brasileiros, que já estamos acostumados, lidamos com todo tipo de fenômeno diariamente e sabemos o que fazer com eles: batemos na madeira,cruzamos os dedos,fingimos que não aconteceu ou que “não é comigo”,ou acreditamos que vai melhorar – seja lá o que for – ou pedimos aos deuses, santos e aos mortos que nos ajudem, ou simplesmente ignoramos.

A Guarda Municipal de Fortaleza abriu concurso especial,com regras exclusivas, para pessoas com deficiência física para fazerem trabalhos burocráticos internos na corporação de acordo com suas limitadas capacidades.

Concurso feito, aprovados satisfeitos quando recebem a informação de que não poderão ser contratados por que são...deficientes físicos. É o que diz o regulamento. É claro que um cego não pode ser policial, mas pode atender telefone.

Alguém, atacado por alguma bruxa, por uma teiniaguá ou apenas pela burocracia incompetente – o que é redundância – esqueceu-se de colocar no edital o “motivo” do concurso esse pequeno detalhe: especial para deficientes físicos.

Revoltados e sem as condições físicas dos protestantes e blackblocs para “saírem pro pau”, estão apelando para qualquer ajuda sobrenatural.

Como afirmam os especialistas em aviação: um avião não cai somente por um motivo.

sábado, 22 de fevereiro de 2014


"A PRESIDENTE COMEU FEITO UMA GRINGA LEGÍTIMA"

A palavra gringo (a), afirmam os que entendem desse assunto, tanto pode ter origem espanhola como portuguesa. Como podemos viver ainda alguns anos ou o que seja a vida toda com essa dúvida? Isso não tem a menor importância; ou nenhuma.

Mas, na certa, os mexicanos que odeiam os americanos – só os que odeiam – se referem a eles com gringos. Mas, em geral é aceito como um tratamento ora pejorativo, ora nem tanto, aqui no Brasil, para todo e qualquer estrangeiro.

Porém, no Rio Grande do Sul, gringos são os italianos colonizadores da serra gaúcha vindos da região do Vêneto, Itália; e eles não se tratam de gringo entre si. Por isso me chama atenção o fato do dono da galeteria onde Dilma almoçou, em Caxias do Sul, ter se referido a ela como “uma gringa”. As coisas mudam; talvez tenham mudado.

Vivi desde dois ou três meses de idade, depois de nascer em Porto Alegre, em Veranópolis - na época chamada Alfredo Chaves - até do meio pro fim da minha adolescência. Passei a Segunda Guerra Mundial lá e aprendi a falar o Talian, proibido por Getulio Vargas, em seu acerbado e interesseiro nacionalismo, fechando escolas e prendendo quem falasse esse dialeto italiano veneziano; todos os habitantes da pequena cidade.

A Visita da Dilma a Caxias para participar a abertura da Festa da Uva é ritual de qualquer presidente de plantão. Mas o destaque da imprensa local para o almoço de Dilma é tão provinciano quanto inútil.

Dilma é filha de gringo búlgaro e a única gaúcha nascida em Belo Horizonte; uma impossibilidade física tão incompreensível quanto a doutrina trinitarista do cristianismo católico. Fora da razão kantiana, só mesmo a fé. Pois a “gringa” comeu de “monton”: fettuccine ao molho de tomate seco, e repetiu, (todos sabem que é aquela “pasta” larga ao contrário do spagetti que é fino e roliço). Depois saboreou Tortéi, que a “gringa” queria comer mais, não fosse o fato de ter reclamado da massa, “que passou tarde”(!). Depois de repetir um prato de fettuccine, comer Tortéi, vai deixar a “gringa” ainda mais gorda e com problemas de saúde, sobretudo diabetes, se empanturrando de  carboidratos desse jeito.

De uma olhada nessa que é a legitima Tortéi, que eu preparo com relativo sucesso: 1 kg de farinha de trigo. Sal a gosto. 5 colheres de óleo. 1 ovo. Leite ou água para a massa. Água fervente o suficiente para cozinhar com sal a gosto e um fio de óleo. Recheio: 1 abóbora grande cozida em pedaços e espremida ainda quente, preferência abóbora cabotia. Sal e pimenta a gosto. 1 cebola média picadinha. 1 tomate médio picadinho. Cebolinha e salsinha a gosto picadas. Molho: 1 Kg de carne moída. Sal e pimenta a gosto. 2 embalagens de molho de tomate. 1 folha de louro. 1 cebola média picada. 2 dentes de alho amassados. 2 colheres de sopa de óleo.

Depois foi servida polenta brustolada (que não afaço a menor ideia o que é isso, mas creio que sabemos todos nós o que é uma polenta) e depois o galeto, que disse ter ficado impressionada com o sabor. Até onde se sabe galeto é galeto e tem sabor de galeto; só não sabe quem nunca comeu, e como também se sabe quem nunca comeu, quando come se lambuza. E bebeu uma taça de vinho merlot e de sobremesa comeu sagu com creme. Pra encerrar o “frugal almoço” de um dia de semana, bebeu café passado na hora. “Ela não bebe café expresso”,disse Osmar.

Depois disso, lembrei que “o grelo do bacalhau da Dilma é fresco e comestível”;como explicou o Chef Camilo Jaña, do restaurante Cafeína, cidade do Porto em Portugal, quando Dilma esteve por lá em 2012. Nesse delírio imaginei a “gringa” esfregando a pança e arrotando o que evidentemente não aconteceu devido a sua fina educação, sua sociabilidade, além do rigor formal e protocolar que o cargo lhe impõe.

Deigles Pereira, o garçom, concluiu que a “gringa” leva o trabalho a sério. Maravilhado, foi assim que descobriu esse fantástico desempenho: -“Ela ligou para o Aloisio Mercadante e alguém quis passar a ligação para uma assessora dele. Ela disse que não, que só falaria com o Mercadante em pessoa. E rapidinho ele atendeu. Deu pra ver que a mulher leva o trabalho a serio mesmo.”

Deigles, o garçom enxerido, que fica ouvindo a conversa dos outros, deduziu e concluiu; ele é um farsante, legitimo representante do típico eleitor brasileiro. Já participei de várias eleições, desde a primeira vez, na Radio Guaíba, na companhia do Dr. Paulo Milano, de Kombi, dirigida por ele, percorrendo sessões eleitorais em busca de notícias. E também participei de mais outras campanhas eleitorais em outros Estados. Nas pesquisas de intenção de voto o que mais, sempre, me chamou atenção, foram os motivos pelos quais os eleitores votavam em cicrano ou beltrano: ele trabalha (ou vai trabalhar – no Brasil trabalhar é uma qualificação do indivíduo); ele merece (ninguém pode ser eleito por merecimento pelo simples fato de que um cargo político não poder ser exercido com ações merecedoras – competência, dedicação e conhecimento não são sinônimos de merecimento); ele (a) é bonito (a); simpatia e outras bobagens totalmente desprovidas de uma ideologia e de um saber a quem se está entregando a chave do nosso cofre.

Depois do almoço na galeteria, a “gringa”, como disse Osmar ao vê-la comer tão bem e tanto, dono da Galeteria Casa Di Paolo, (não pronuncie Paôlo, pela ira de Baco. Isso não existe na Itália. Foi uma invenção da TV Globo numa novela contando a história desses “gringons”). Pois a “gringa” tirou fotos e foi-se.

Enquanto isso, longe dali, Felipão debulhava milho, um dos eventos tradicionais da Festa da Uva, como se fosso um “gringon” de Caxias. Quem sabe se por ter jogado futebol no Caxias e no Juventude; era zagueiro...médio. Mediano é melhor, Só que ele é um “gringon” de Passo Fundo, onde nasceu.

 

 

 

 

 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

OBRIGADO, SENHOR!


Continuando leve como isopor durante esse período das férias (legais) de 30 dias de quem as merece e dos recessos de meses (legais também, sim, mas imorais) dos usurpadores brasilinos, Arquibaldo, o Breve, está ao telefone aguardando ser atendido.
Lalarí,lará,lará.Lará,lará,lará... -(Pour Elise)-
- Serviço de atendimento ao consumidor. Ermenegilda, boa tarde. Em que posso estar ajudando?
_ Eu gost...
-  Seu nome, por favor.
- Saulo.
- Pois não senhor Paulo, em que posso estar ajudando.
- Saulo, moça, Saulo.
- Como senhor?
- Saulo, moça, meu nome.
- Sim, pois não, senhor. Em que posso estar ajudando?
_ Eu gostaria de saber qual é meu saldo e quando...
- O numero do seu cartão, por favor?
_ É 2165489766435146622
-  O senhor pode repetir mais lentamente, por favor?
- É 2.1.6.5.4.8.9.7.6.6 de novo 4.3.5.1.6.6 outra vez e 2 duas vezes.
- O senhor pode repetir os 5 últimos números, por favor? Apenas diga os numerais, senhor.
- É .... .4.6.6.2.2
-_Obrigado, senhor.
 Silencio absoluto
- Alô....alô....
- Um instante só, por favor, senhor.
Silencio absoluto
- Obrigado por aguardar, senhor. Seu endereço, por favor?
- É ...rua Caraíbas,87.
- Qual o bairro, senhor?
- Grotas.
- Em que cidade, senhor?
- Quatro Paus.
- Estado?
- Guanabara.
- Guanabara não consta senhor.
- Antiga Guanabara. Agora é Rio de Janeiro.
- Seu CPF, senhor?
- É...897.596.551
_ Digito, senhor.
- 15
- Seu nome completo, senhor.
- Saulo de Tarso.
- Diga o nome de sua mãe, senhor.
- Como assim?Pra que?
- É para sua segurança, senhor.
- Maria.
- O nome completo, senhor.
- Maria da Gloria de Tarso.
- Anote o numero do protocolo de atendimento, senhor.
- Um momento.
Silencio absoluto
- Pronto: pode falar.
- O numero do seu protocolo referente a esse atendimento é:6548987551222359897542
- Hã,hã...rosnou fingindo ter anotado.
- Para sua segurança essa ligação estará sendo gravada. Em que posso estar ajudando, senhor?
_ Eu já disse.
- Pode repetir senhor.
-Moça: para de me chamar de senhor e diga logo o maldito do meu saldo.
_ Um instante, por favor.
Silencio absoluto
- Alô....alô....
- O brigado por aguardar, senhor. Seu saldo é   2 reais e 57 centavos. O melhor dia de compras estará sendo dia 5 e sua fatura estará sendo fechada no dia 9. Mais alguma informação, senhor?
- Peraí, peraí...qual é o meu saldo?
- 2 reais e 57 centavos. Mais alguma informação, senhor?
-Moça meu saldo não pode ser esse. Ninguém tem saldo de 2 reais e 57centavos...
- Um momento, senhor.
Silencio absoluto
- Alô...alô,droga...
_ Estamos confirmando seu saldo,senhor. Aguarde um momento, por favor.
Silencio absoluto
_ Droga...que droga....droga...
- Está confirmado, senhor. Seu saldo é de  2 reais...
-Peraí, peraí, moça.Tá errado.Meu saldo não poder ser esse. Alguma coisa tá errada aí.
- Aguarde um instante, senhor.Vamos...
- Não aguardo nenhum instante coisa nenhuma...
- Mais alguma informação, senhor?
-Não desliga,não desliga. Eu quero uma verificação completa e o extrato dos últimos 6 meses de minha conta.
-Nesse caso, senhor, vou estar transferindo para o Departamento de Verificação e Acompanhamento de Contas e de Remessa de Extratos. Um instante, por favor.
Silencio absoluto
- Alô...alô...essa ligação está sendo gravada? É? Alô, você aí que está ouvindo essa gravação. O que você vai fazer com ela, heim? E quando é que você “vai estar ouvindo”, heim? E pra que é que “vai estar servindo”? Heim “seu” bosta? Será que...
- Obrigado por aguardar, senhor. Vamos estar transferindo sua ligação. Aguarde, por favor.
- Como eu estava dizendo, será que alguém nessa droga de empresa “vai estar ouvindo” essa gravação? Pois muito bem. Alô”seus” bostas: aqui quem tá falando tá na Terra.Terra é o nome de um planeta situado no sistema solar da galáxia chamada Via-Láctea. Não sei quando essa mensagem “vai estar chegando” até onde você está e nem sei onde você está. Também não sei se esse call center está “estando aqui”, se “está estando” na Índia ou se “está estando” em outro planeta habitado e com vida inteligente para pelo menos entender as minhas palavras. Sei que se fala inglês em todo o universo. Mas eu só falo português. Espero que haja tradutores por aí...
- Obrigado por aguardar, senhor. Catarina as suas ordens.
- Catarina eu quero um extrato do...
- O numero do seu cartão, por favor?
- túu,túu,túu....(cai a ligação)
Logo em seguida
- Lalari,lará, lará,lará.Lará,lará,lará....
- Serviço de atendimento ao consumidor, boa tarde, Margarida.
- Meu nome é Saulo de Tarso. Eu quero cancelar o meu cartão.
- Senhor vamos estar tendo que fazer um procedimento padrão, senhor. Qual é o numero do seu cartão?
- túu,túu,túi,túu...(cai a ligação)
- Alô, senhor! Alô! Mais alguma informação? A Companhia de Cartões Totalcard agradece a sua ligação. Tenha uma boa tarde, senhor.
No outro dia, num call center qualquer, um infeliz cliente é obrigado a ouvir:para saber seu saldo, digite4;para empréstimos e negociações, digite8;novos cartões, digite 7;para transferências ou reclamações, digite 4; para falar com alguns dos nosso atendentes digite 1.
Silêncio absoluto.
_ Nossos atendentes estão todos ocupados.Aguarde mais alguns minutos ou, se preferir, ligue novamente mais tarde.
Enquanto o infeliz cliente ouvia essa lenga lenga, duas atendestes conversavam animadas:
- Você viu que horror, Martinha? Um homem com uma metralhadora entrou no call center da Companhia de Cartões TotalCard e matou 150 atendentes. Um único sobrevivente disse que o homem atirava e gritava “obrigado, senhor, obrigado, senhor.”
- Credo, Helena, deve ser algum fundamentalista religioso.Sei lá!
_ Tchun, ta tchum,soc,soc, tá tu tchum... (uma música desconhecida)
- Serviço de Atendimento ao Consumidor, Marta, boa tarde. Um momento, por favor.
Silêncio absoluto. Ela volta a atender.
- Obrigado, senhor. Em que posso estar ajudando?