quarta-feira, 29 de julho de 2015

QUEM PODE ME SEGUIR SOU EU. SERÁ?

Uma só alegria basta para abalar um velho coração, que já não é lá essas coisas, agora empanturrado de coisas boas. Claro que ele não é bem o órgão ideal pra isso embora seja ele o que mais sente pauladas ou afagos; tem um lugarzinho no cérebro que faz essas coisas. Mas o coração virou símbolo de ser isso e aquilo, de bom ou de mau, e também o que recebe; uma espécie de porta de entrada do nosso corpo; o centro de nossas emoções.
Quando minha juventude ficou pra trás achei que o velho Descastes e o bom Spinoza tinham resolvido minhas angustias e preocupações; nós (que ousadia!) éramos racionalistas; e mais: que essa corrente filosófica já era uma doutrina um século antes de Jesus pregar o amor o perdão, oferecer a outra face para um novo tapa, essas coisas que ninguém pratica, mas que sai da boca de todo mundo. Eu não.
Não mudei de opinião e acho que o Racionalismo é o centro e a base do pensamento liberal que propõe alcançar determinado fim para o interesse coletivo. E isso sobre a base do planejamento e da organização abrindo caminho para soluções racionais.
E a dor e a alegria? A saudade e a satisfação da presença de quem se ama? A exuberante sensação de orgulho da conquista? Estão no coração assim como a raiva, o ódio, a mentira, a inveja; todas as maldades e todas as bondades estão no coração, sim senhor! Mas, só porque a razão quer.
Pois esses meses de junho e julho do gracioso ano de 2015 meu coração assumiu o comando e fez de mim gato e sapato. E espevitou-se tanto que cambaleou de um lado para o outro perigosamente; mas resistiu. E transbordante de alegria parnasiana esta zombando das dores do passado.
É assim que posso explicar esse meu coração: primeiro, minha irmã – que não nos víamos há décadas, mas nos falávamos com muita frequência, veio me visitar; comemorar com minha mulher e meus filhos – sua cunhada e seus sobrinhos que não conhecia – meus 75 anos de participação ativa sobre esse planeta Terra. Foram dez curtíssimos dias e noites de muita conversa. De recordações de todos os tipos e de muitas pessoas, de coisas e animais. Animais sim: o cachorro Brasino, a ovelha Chica, o cavalo Baio. De pessoas falamos sobre amigos e parentes – mortos e vivos, mas deixamos de lado alguns que não merecem sequer meio dedo de prosa – e falamos principalmente de nós dois (que é o que interessa), um pouco do presente e muito, mas muito mesmo, do nosso passado. E acima dessas coisas do quanto eu a protegia das peripécias e pequenas lambanças infanto-juvenis que fazia. Sempre fomos muito apegados, muito próximos, apesar das pedras que jogaram em nossos caminhos.
Assim enchemo-nos de recordações, de alguns conselhos, de comidas e de bebidas, e ela de fumaça o pulmão. O que se há de fazer? Com pouca visão não pode ver muitas coisas, mas sentiu o amor da cunhada, dos sobrinhos e o meu, inesquecível, e agora renovado. Já voltou pra casa; pra seu filho, seu neto, suas noras; e fez uma boa viagem.
Pois esse meu coração “empirista” e eu um desavisado, depois dessa revisita aos idos do passado, fui mais uma vez comandado por ele. Pedro, meu filho mais moço dos quatro, com 17 anos de idade, antes mesmo de concluir o ensino médio, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Arquitetura e inicia o curso já no segundo semestre desse ano na Universidade de Fortaleza-UNIFOR (conceito 4 do MEC – de 1 a 5), onde também minha filha Cecília, com 19 anos de idade, já cursa o Quarto Semestre da Faculdade de Direito.
Assim foram-se às favas meu Racionalismo e me entreguei ao Empirismo do coração. Racionalmente, porém, foi o que pude fazer de melhor nesses últimos 20 anos da segunda etapa de minha vida, encorajado e revivido por Ciza, minha mulher. Agora ando pra lá e pra cá (como escreveram Graco e Caio Silvio; e Fagner cantou) com esse meu coração alado e desfolhando meus olhos nesse escuro véu...nessa estrada só quem pode me seguir sou eu. Será?

quinta-feira, 23 de abril de 2015


APROVEITEI O FERIADO E DESASINEI
Aproveitei o feriado de Tiradentes e me “desasinei” temporariamente. Isto é: deixei de ser asno, conforme havia recentemente declarado na minha crônica/artigo Mais gordo, nu e sem pele. Nada de novo. Tudo continua como sempre esteve nesse país que é “um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança que a terra desce.” E pouco é mais do isso, exceto uma ou outra novidade. Na moda, Gisele Bündchen, a mais elegante, bonita e sensual mulher do mundo deixou as passarelas. Minha conterrânea saiu na hora certa, que é quando se está tocando o teto do mundo com a cabeça. Mas não abandonou o “mundo” da moda. Com os licenciamentos e as grifes ganhou ano passado 48 milhões de dólares; nas passarelas, já não chegava a 10% desse valor.
Já sabia que “self”, palavra inglesa, como havia dito, é o mesmo que por si mesmo – ou de si mesmo – em português e as pessoas continuam tirando suas próprias fotografias e por isso, “fazendo um self”. É a moda; e o que é da moda não incomoda, dizia-se antigamente. Entretanto quando li que um ator famoso “fez um self” achei que o fofo tinha se masturbado. E piorou minha estultice quando soube que já existia “pau de self”. Aí pensei que já é possível tirar fotografias com o próprio pênis; talvez seja um pênis especial, desconhecido para mim.
A imprensa, com tanta notícia, não sabia ao que dar mais destaque neste 21 de abril. Se a inauguração de Brasília, há 55 anos, ou se a Tiradentes, morto por fuzilamento, depois degolado e esquartejado há 223 anos, quando os pedaços do corpo dele foram espalhados estrada a fora, do Rio a Minas, pelos irmãos portugueses daquela época. Época em que o Brasil sequer existia, não tinha esse nome, era apenas terra portuguesa no novo mundo, também chamado Brasil colonial pelos historiadores. Não havia o país Brasil, nem a pátria brasileira. Não havia uma Nação.
Tiradentes e seus companheiros formavam um grupo de portugueses nascidos na colônia que se revoltou contra os portugueses colonizadores. Proprietários rurais, a Igreja Católica, alguns intelectuais e militares pertencentes à elite econômica, a mais abastada, reclamavam (nem luta houve) em defesa de interesses particulares, de seus negócios e não de todo o povo da colônia. Não entendo o porquê de Tiradentes ser nosso herói, nosso mártir. Talvez a crueldade com a qual os portugueses tratavam seus colonizados tenha enternecido o coração dos historiadores; os portugueses eram brutais, sem dúvida. "O Estado brasileiro é fruto de uma convenção brutal. O colono (e o colonizador) podia escravizar, matar e mutilar os índios além de ocupar suas terras e engravidar as índias. Quando os gentios reagiam à brutalidade portuguesa eram considerados hostis e exterminados ainda mais rapidamente”.Escreve o advogado Fábio Oliveira Ribeiro no CMI Brasil.
Tiradentes foi uma espécie de bode expiatório. De todo o grupo era o menos poderoso, o que tinha menos dinheiro e propriedades. Um simples comerciante; às vezes tropeiro, às vezes minerador, militar, sim, mas apenas um subtenente e “tirava dentes” de quem precisasse livrar-se da dor. Não subestimo o Joaquim José da Silva Xavier por isso. Mas não o reconheço como nosso mártir por ter lutado por uma Nação Brasileira.
Terminado o feriado sem mais nenhum acontecimento, continuei “desasinado” por mais um dia já que a quarta feira prometia, como se diz. Os jornalões digitais e os noticiários de todos os canais de TV me excitavam com a espera da divulgação do balanço auditado da Petrobras. Assunto que 99,95% da população brasilina não tem o mínimo interesse já que não entende bulhufas do significa. Significa que os 21,6 bilhões de reais de prejuízo, obra da má gestão com roubalheira posta na mão de “sindicalistas companheiros” há dez anos, quando Lula, o presidente, aparelhou o Estado com três partidos políticos – PMDB, PP e PT – isto é: partidarizou as empresas estatais, os preços dos combustíveis (incluindo o gás de cozinha) vão aumentar. E com eles os dos produtos e transportes.
Os 54 milhões que acreditavam que estaríamos todos no paraíso com Dilma.2 nem que a vaca tussa, arrastando outros 50 milhões que sabem que vaca não tosse, terão que repor à Petrobras os 21,6 bilhões de reais pagando um preço bem alto resultado de uma simples e populista equação para manter a “popularidade” e ganhar a reeleição e manter o trio de partidos políticos no poder. Assim: compra-se petróleo caro, vende-se gasolina sem aumentar o preço (subsidiado). Agora que o preço do petróleo baixou consideravelmente no mercado internacional, aumenta-se custo da gasolina comprando petróleo barato. Os 21,6 bilhões de reais de prejuízo serão repostos rapidamente e ainda sobrarão alguns bilhões para novas corrupções e pagamentos dos prejuízos das empreiteiras paradas de funcionar com a prisão de seus proprietários. Daí por que a “delação premiadíssima”.
E quando o presidente da Petrobras, Ademir Bendine, disse que “Temos a convicção de que a companhia vai retomar sua capacidade de geração de valor. Nosso maior ativo é o quadro de pessoal. São pessoas engajadas. Estamos revendo ainda o nosso plano de negócios e, sendo aprovados, vamos voltar a publico.” reassumi a minha condição de asno. Até mais!

sexta-feira, 20 de março de 2015



MAIS GORDO,  NU E SEM PELE
Ainda meio zonzo com a informação que a corrupção é uma velha senhora, fui dormir. Virando de um lado para outro o sono não vinha e enquanto me debatia na cama via a imagem de um gringo imbecil dizer que o povo protestando nas ruas do Brasil não eram eleitores da Dilma Vana ao lado de outro imbecil que antes havia falado abobrinhas, balangandãs e merda. Muita merda. Assistia um coronelete matuto, ministro da educação, metendo o cacete em cachorro grande, achando que na capital da República ele pode escoicear quem quer como faz no feudinho chinfrim dele.
Saí da cama e fui me servir de um trago; pensei num Jack Daniel’s, mas devido ao adiantado da hora e da circunstância optei por uma boa dose de Ardbeg 19 anos, por ser um single malte das ilhas escocesas e um dos mais complexos dessa região com intenso sabor defumado e aromas marinhos. Seu teor alcoólico elevado de 46% assim como seu preço - R$ 270 a garrafa – me faria dormir. Adormeci. E sonhei.
Sonhei que eu tinha 14 anos e fomos todos mandados do Colégio Rosário para casa. Getulio morreu! Atrevido e curioso com dois ou três colegas descemos a Rua da Praia e vimos o povo quebrando lojas, saqueando todas as que tivessem um nome estrangeiro. E a maioria tinha um nome estrangeiro. Foi a primeira crise política que assisti. Depois vieram outras sendo que de algumas delas participei diretamente; como estudante ou como profissional. Ao todo, contando com essa de agora, foram 5 ou 6.
 Um sono inquieto me fazia sentir por todo o corpo uma estranha sensação. Alguma coisa – ou tudo – estava se transformando em mim; por dentro e por fora. Acordei cansado e o sol mal clareava a cortina do quarto. Eu estava maior. Mais gordo, nu, sem pele; coberto apenas com uma espécie de pelo. Não tinha braços; tinha pernas. Quatro pernas com patas. Girei o corpo e minha boca com dentes graúdos bateu na mesa de cabeceira; não tinha rosto, tinha um focinho numa cabeça com olhos grande postos aos lados e com eles via enormes orelhas.
Lembrei-me de Gregor Samsa, que, dormindo, metamorfoseou-se numa barata. Não era meu caso. Eu tinha sido autotransformado num asno. Não gosto dessa coisa de si mesmo e autorretrato, autobiografia, pois como FHC também acho isso muita pretensão; ou autoajuda, uma impossibilidade, e autodidata que é o mesmo que um ignorante ensinando outro.
Minha autotransformação num asno, entretanto, foi por indução voluntária; de espontânea vontade, provocada para não enlouquecer ou me tornar um palhaço, no sentido ofensivo da palavra. Sei que com isso encerro o desejo de um dia voar e me tornar invisível. Mas meu último desejo, assim como foi o de Noel Rosa, digam que me viram voando por aí e que, de repente, desapareci e reapareci, pois me tornei invisível.
Sempre achei que a melhor saída do Brasil fosse o aeroporto. Mas hoje nem isso é mais possível porque, como disse Millôr Fernandes – ou teria sido Nelson Rodrigues? – “Brasil: se cercar vira hospício. Se cobrir vira circo!” Agora, enfim, cercado e coberto, sem céu, nem avião sai daqui. Sendo assim, tornei-me um asno. Uma subespécie de mamífero. Mas também podem me chamar de burro, jumento, jegue, jerico; menos de Dilma, pois não aceitamos ofensas e nem comparações “apequenadas”. Temos muito mais do que apenas um neurônio.
Somos dóceis, prestativos, trabalhadores, comemos apenas capim, bebemos pouca água, ouvimos tudo em silêncio, não mentimos nem enganamos os humanos e somos mitológicos, fabulosos, personagens literários e iconográficos. Estou orgulhoso, satisfeito e, sinceramente, vaidoso sem nenhuma modéstia à parte.
Soube a pouco por um velho asno que pastava alegremente que sou ancestral de asnos históricos e que nossa espécie existe a mais de 5 mil anos. Que maravilha! Um asno carregou Sancho Pança e ajudou Dom Quixote a enfrentar moinhos de vento que lhes pareciam ser monstros.
É certo que também nos maltratam muito. Shakespeare nos usou como símbolo de ignorância. O menino que andava com Pinóquio, por ser muito mau, foi transformado num jumento. No nordeste, só porque somos muitos, nos abandonam e ingênuos que somos atravessamos estradas sem olhar pros lados e morremos atropelados por enormes caminhões; do tamanho de um Palácio do Planalto. Ou de um prédio daqueles alinhados na Esplanada dos Ministérios. Bem que parecem!
Fora isso, somos muito ocupados; nós carregamos pesados barris com água, um de cada lado do lombo, sertão adentro, todos os dias o dia todo. Não nos importamos; estamos fazendo nosso trabalho a séculos, levando a água que os “coroné promete” que um dia “vai moiá o sertão tudim cabano coessa secura”.
Jumento, jegue, burro ou asno são todos a “mema coisica” – ói só! já tô falano inté com jeitim dels. Foi um asno, que chamam de burrinho, que levou Maria, grávida, pra Belém, na Palestina sob o domínio do Império Romano e que hoje, depois de invadida pelo judaísmo sionista do leste europeu, com o “aval” da ONU e de nosso gaúcho Oswaldo Aranha, pretendem eliminar do território e do mapa, árabes muçulmanos ou cristãos. Netanyahu quer a extinção deles e tomar para Israel toda a Palestina.
E lá, em Belém, numa cocheira, assistiu o nascimento de Yeshua e a ele cedeu seu cocho, luxuosamente também chamado de manjedoura, para que nele fosse acomodado. Viu três reis ditos magos e depois levou em seu lombo Maria e Yeshua, seu filho, guri recém nascido, até o Egito a quilômetros de lá. E foi um asno que 33 anos depois levou Yeshua, homem feito, no lombo a entrar triunfalmente em Jerusalém. Faz tempo isso. Se essa história é mito, lenda ou verdade histórica e teológica não me importa. Já pensava assim quando eu ainda era um ser racional; mas agora sendo asno sou parte do que seja.
Como asno recente que sou, guardo ainda algumas experiências humanas e estou pronto para ser presidente do Brasil. Não será caso inédito, pois não serei o primeiro. Mas o que me atrai é o gramado da frente do Palácio da Alvorada. Já sinto o aroma da grama fresca e bem cuidada e uma vontade incontrolável de pastar e depois dar zurros de alegria.
Sinto também, queridos leitores, uma acentuada difificuldade de esquecrever já que não tenho mais dedos. Minhas pataas esttao ccad vez maisss tlecand letãs eud nffffjj rldkif  rmjruhslkldh bjhijrk kfjnikj  ekdun cunulmn  trx’







quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

LA VEM ELA. GOSTOSA. TODA PROSA. FIU! FIU!

Há quem diga que o Brasil não é um país, mas sim uma piada. Não creio; se for é de muito mau gosto, Do tipo Charlie Hebdo. Não é, também, o país mais corrupto do mundo já que uma dúzia deles pela África, America do Sul e pelo oriente ganham de goleada já nos dez primeiros minutos de competição.
O Brasil também não é um país violento mesmo que nesse quesito nossa posição mundial é considerável; há mais mortes no trânsito em uma semana por aqui do em um ano em Nova York. Aqui se matam mais mulheres do que em países sabidamente antimulheres que as exterminam a pedradas ou as mutilam costurando suas vaginas.
Eu moro na segunda cidade mais violenta do mundo. No Rio de Janeiro balas perdidas acertam quem não tinha nada a ver com os tiroteios entre traficantes. Polícia bate nos protestantes porque goza e mata porque é despreparada, desequilibrada.
Na política nada há nada mais patético, rasteiro e, dizem, democrático, pois qualquer brasileiro pode votar e ser votado; vai de Sarney a Tiririca passando por um presidente dessa república analfabeto eleito e reeleito. E só Tupã sabe o que compõe assembleias legislativas e mais de cinco mil camaras municipais. Famoso ou apenas notório, seja lá por que for, tem vitória garantida em qualquer eleição.
É o caso do vereador Aonde é; um entregador de pizza que ganhou essa identificação por perambular por um bairro da periferia, em busca de um endereço perguntando: aonde é? Eleito, com esse nome, “Aondeé” na urna eletrônica com esse nome, em três meses comprou sete apartamentos com parte do salário dos assessores de seu gabinete. Foi preso, solto e está de volta a camara municipal e terá que dar explicações a “comissão de ética”. Mas já declarou: “fui vítima de uma armação”.
Somos chamados de “macaquitos” pelos argentinos não porque somos negros, mas por que imitamos os norte-americanos em tudo até onde formos capazes. Operações militares eles batizam com expressões de grande efeito como Tempestade no Deserto; parece titulo de filme feito em Hollywood. Aqui nossas operações policiais têm nomes espalhafatosos como Operação Lei Seca, Operação Satiagraha, Operação Lava-Jato. Assim mesmo, com hífen e tudo.
Esse Brasil meio galhofeiro infestado de bandidos, larápios, vigaristas e povo ignorante (lato senso como adjetivo e substantivo de dois gêneros) não é, certamente, o pior dos mundos; muito menos o melhor. Nem uma coisa nem outra. È impagável, ridículo, cômico de nascença, carnavalesco.
E chegou o carnaval! E chegou durante e enquanto a patifaria come solta, pois o negócio é sambar. Com alegria, com graça. Na escola de samba União da Ilha, do coração de Graça Foster há 18 anos, e onde ela já desfilou outras vezes, esse ano o enredo será uma graça: “Beleza Pura?”. Segundo o jornal O Globo, o presidente da escola diz que as portas estão abertas para tão ilustre e bela figura que “poderá escolher entre, pelo menos, cinco fantasias para representar o enredo “Beleza Pura?”. A escola, que pretende tratar sobre o tema da beleza de maneira bem-humorada, irá compor o desfile com disfarces de “Frangos de Academia” - em uma referência às pessoas que têm obsessão por malhar -, “Rei do pop e do Retoque”- representando o cantor Michael Jackson -, “Zé Bonitinho, o perigote das mulheres”, “A corte da moda” e “O Herói e a Proteína”.
Se Graça Foster sambar, na avenida, cantará faceira o refrão “Lá vem ela, toda prosa, gostosa, fiu, fiu! A beleza tá no seu interior.Nos olhos de quem vê.No verdadeiro amor”. Na última vez que Graça Foster desfilou na União da Ilha foi na ala Xangô “orixá relacionado à justiça, que nas religiões afro é visto como aquele que castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores”. A União da Ilha tem entre seus patrocinadores a Petrobras de quem recebe um milhão de reais.
Quem me contou essa história foi Vulpino Argento, o Demente, suplente de senador não eleito que leu a notícia no jornal O Globo que não permite que suas matérias sejam publicadas, transmitidas por broadcast, etc, sem autorização. O que é justo. Mas ler e comentar, no boca a boca, acho que pode. Não sei esse enredo da União da Ilha, “Beleza Pura?”, é mesmo uma pergunta, uma gozação com a Graça Foster ou se é mesmo coisa de Brasil pátria educadora e seus brasilinos.



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

ASSIM FALOU DILMA.2

Dilma.2 fez nessa terça feira,23 de janeiro sua primeira reunião ministerial de seu novo mandato; nem tão nosso assim. A presidente segundona foi insuperável, mais uma vez, de si mesma. O espetáculo se deu na granja do Torto (huumm!) e começou meio enviesado. A produção do mafuá se esqueceu de tirar o brilho da exuberante maquiagem, o microfone não funcionou e o “teleprompter” semi-invisível andava mais lento do que seu raciocínio apesar de funcionar com apena um único e imbatível neurônio. Mas vestia um não sei lá o que dourado com gola oriental, cabelo cortado para a ocasião com leves toques de brilho; estava uma fofura – diria se tivesse suficiente intimidade. Saiu do ar. Voltou e a frente de um fundo de pedras empilhadas, reclamou, fez cara feia, manteve seu nariz empinado que nem pandorga e mandou ver sua verborragia grotesca, complexa,confusa pois ainda fala em dilmês tardio pré cabralino.
Assisti tudo, do início ao fim, como meio de, martirizando-me, receber uma graça de Tupã e de meus protetores: Sepé Tiaraju, Caipora e a Teiniaguá. Como meus leitores devem pagar seus pecados cada um a sua maneira, vou apenas destacar alguns trechos da prosopopeia dilmesca ( Figura em que o orador atribui o dom da palavra, o sentimento ou a ação a seres inanimados ou irracionais, aos mortos ou aos ausentes) para não torturá-los ainda mais do que os 200% de juros do cheque especial.
Dilma.2 disse: “Bom, então a minha primeira recomendação para vocês, que vão compartilhar comigo essa responsabilidade de governar e desse novo mandato, é trabalhar muito para que que nós possamos dar sequência ao projeto político que nós implantamos desde 2003, e que está mudando o Brasil, mudando para muito melhor, porque nós temos menos pobreza, mais oportunidades, temos uma situação de mais igualdade, mais direitos e cada vez mais democracia”.
Depois de nós e mais nós ela reafirma a intenção de não deixar o governo do Brasil nas mãos de ninguém que não seja do PT, pois é um “projeto político”. Depois de algumas mentiras - a pobreza não diminuiu; foi estatisticamente deslocada e nem há mais oportunidades e igualdades e muito menos ainda temos mais direitos - disse sem explicar que diabos é isso – e não há possibilidade de se ter mais ou menos democracia, já que ela é um sistema político que desde a antiga Grécia até os dias atuais tem tido diversos formatos e regimes distintos. Democracia não se quantifica
“Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre. Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública, a posição do ministério à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas."
Provavelmente ela se referia à patifaria e as vigarices – fora os crimes – que a cambada ministerial e outros em altos cargos federais vêm fazendo como nunca antes “nesçsepais.” (!) Como enfrentar o desconhecimento do que todo mundo sabe e a desinformação do que vem sendo informado, sempre e permanentemente? O que isso significa? Nada. Definitivamente nada!
Dilma.2 disse: “ E foi isso... e foi nisso que a maioria do povo brasileiro,(referindo-se a educação) dos homens e mulheres deste país deram o seu voto, foi para isso que eles deram seu voto. Este é o meu compromisso, fazer com que o Brasil nos próximos quatro anos, tenha condições de ter as medidas necessárias para manter íntegra a estratégia de construir um país desenvolvido, um país próspero, cada vez mais igual, menos desigual, fazendo tudo o possível para manter e fortalecer o modelo de desenvolvimento que mostrou ser possível conciliar crescimento econômico, distribuição de renda e inclusão social.”
Misturou alhos com bugalhos somou bananas com abacaxis.  Certamente foi com esse “raciocínio” torto – e estava lendo – que deve ter surgido o tal “slogan” Pátria Educadora. Essa coisa nenhuma, sem pé nem cabeça; abstrata.
Depois de culpar a China, a Europa (como se fosse um pais) o Japão e a queda no preço das commodities pela nossa estagnação econômica e consequente aumento da inflação, ainda culpou a falta de água pela falta de chuvas, Dilma.2 disse: “Diante destes eventos internos e externos, o governo federal cumpriu o seu papel. Nós absorvemos a maior parte das mudanças, dessas mudanças no cenário econômico e climático em nossas contas fiscais para preservar o emprego e a renda. Nós reduzimos nosso resultado primário para combater os efeitos adversos desses choques sobre nossa economia e proteger nossa população. Agora, atingimos um limite para isso. Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível, criando condições para a queda da inflação e da taxa de juros no médio prazo e garantindo, assim, a continuidade da geração de emprego e da renda.”
Não há como comentar tanta besteira e nem o que disse a seguir. Vou concluir com o que há de melhor; de mais Dilma, de mais PT – “Gostaria de falar para vocês agora - podia passar mais rápido, por favor? -(teleprompter lento) que toda vez que se tentou, no Brasil, toda vez que tentaram, no Brasil, desprestigiar o capital nacional estavam tentando, na verdade… Bom, eu vou preferir ler, sabe? Estavam tentando, na verdade, diminuir a sua independência, diminuir a sua concorrência e nós não podemos deixar que isso ocorra. Nós devemos punir as pessoas e não destruir as empresas. As empresas, elas são essenciais para o Brasil. Nós temos que saber punir o crime, nós temos de saber fazer isso sem prejudicar a economia e o emprego do país. Nós temos de fechar as portas para a corrupção. Nós não podemos, de maneira alguma, fechar as portas para o crescimento, o progresso e o emprego.”
Fico com a impressão, com esses nós temos, nós não podemos, que a bandalheira toda que ocorre há 12 anos, foi no vizinho, na casa da mãe Joana. A nossa grama é mais verde do que a deles. “Temos que continuar acreditando na mais brasileira das empresas, a Petrobras.” O que a Petrobras “fez” para merecer nossa descrença? Será ela é algum tipo de ser vivo, com vontade própria a fazer mal feitos por aí? Assim terminou o discurso da primeira reunião ministerial: ridículo, mentiroso, patético. Dilma.2 não sai do palanque, do discurso de campanha eleitoral que 54 milhões de eleitores gostaram e decidiram a vida de 200 milhões de habitantes brasilinos.
Os eleitores ignorantes (a maioria) e os aproveitadores (os de sempre), acreditam que votar é um dever cívico, que o voto é a arma do povo, que é um direito de liberdade. Democrático. Não é. O voto é obrigatório; se não votar há punição. Portanto ninguém é livre. Porém, há um “jeitinho”; uma condescendência democrática. Se não votar em três eleições o Titulo de Eleitor é cancelado ou então o eleitor paga uma multa calculada em UFIR (quem sabe o que é isso?). É assim: 3% VR (valor de referência) = 3(33,02)/100= 0,9906 *UFIR 0,9906 x R$ 1,0641 (VALOR DA *UFIR EM REAL) = R$ 1,05 (UM REAL E CINCO CENTAVOS). Assim é nossa democracia. Não são passeatas, nem a imprensa, nem redes sociais que nos darão o governo que merecemos. Deve haver outros meios; um deles a “imprensa livre” chama de terrorismo. Eu não sei! O Unabomber, que cumpre prisão perpétua nos EEUU, recomenda: “ bata a onde dói mais.” Pode ser a solução.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

 JE NE SUIS PÁS CHARLIE

Estou rodeado de “je sui Charlie”, mesmo sem ter facebook, watts up e coisas das “redes sociais”, exceto há alguns blogs, volta e meia saio da minha caverna pra ver se o mundo ainda não acabou. Só por curiosidade. Então me deparo com mais uma tragédia entre os que concordam com os que têm outra opinião, uma típica estupidez humana.
Mas quero antes fazer algumas observações. Quem conhece o Charlie Habdo? Em Paris com população de pouco mais de 2,5 milhões de habitantes, sua tiragem não passava de 60 mil exemplares. Quem leu matéria da Folha de São Paulo do último dia 7, uma colaboração de João Batista Natali ficou sabendo um pouco mais. Que famosos cartunistas franceses editavam em 1970 o jornal satírico “Hara-Kiri” que foi fechado naquele ano, da morte de Charles de Gaulle, aos 80 anos de idade, na aldeia  Colombey-les-Deus-Eglises, quando publicaram a capa com uma enorme manchete: “Baile Trágico em Colombey:um morto”.
O presidente Georges Pompidou, gaullista, mandou proibir a circulação do “satírico” jornal. A “graça” desagradou quase que a toda a França. Claro! De Gaulle, defendeu a França do avanço Nazista e comandou a resistência a ocupação alemã. Mas a turma de Vichy colaboracionista entregou milhares de judeus aos alemães, como todos sabem. De Gaulle, herói, não merecia tal brincadeira, certamente.
Essa turma então fundou o Charlie Hebdo  que se define junto ao título como “jornal irresponsável”. A capa “informando” a morte de Michael Jackson foi o desenho dele, uma caveira, com o título “enfim branco”. A linha editorial do jornal é essa; chocante, atrevida, verdadeiramente irresponsável.
Aqueles leitores que já estão me chamando de reacionário, politicamente incorreto e outras bobagens modernosas, se forem famosos, mas muito, muito famosos, podem acabar na capa do Charlie Hebdo antes do sepultamento, ainda no velório. Há quem compare o Charlie Hebdo ao Pasquim. Entre esses os jornalista do programa Globonews Em Pauta. O Pasquim comparado ao Charlie Hebdo e o mesmo que fazer isso com o “jornalzinho” –carinhosamente – do Grupo Escolar com o londrino The Telegraph; se é que me entendem. A manchete do “Estadão” beirou a perplexidade do patético: ”França tem onda de violência; Al-Qaeda treinou suspeito”. A Folha de São Paulo - on line - alardeia espantada: “Em dia com cercos e reféns, polícia mata irmãos suspeitos de atacar jornal francês”. E conclui: “Polícia matou terceiro suspeito, que fazia reféns em um mercado judaico na periferia de Paris; ele tem ligação com os irmãos Koauchi, apontados como autores do ataque a jornal francês 'Charlie Hebdo' que deixou 12 mortos nesta semana”. Incrível isso. A polícia francesa mata “suspeitos”.

O Charlie Habdo sofreu diversos atentados ao longo desses quase 40 anos e seus fundadores que dizem serem “os pais” dos nossos cartunistas – tenho dúvidas – envelheceram tinham entre 70 e 80 anos, como tem hoje os “filhos” brasileiros deles. A morte estúpida deles não deve ser também a do hebdomadário francês. Se fechar – a pesar de seu humor grosseiro -  será a vitória da barbárie praticada por grupos fundamentalistas religiosos; nesse caso, a ser provado, islâmicos. Barbárie que cristãos e muçulmanos estão em confronto há séculos. Os Cruzados, a Inquisição, a Companhia de Jesus, a Congregação para a Doutrina da Fé, organizações da Igreja Católica, aterrorizaram a Europa, as Américas e o Oriente Médio muito mais, com mais violência irracional. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” em diz Vulpino Argento, o Demente, e ainda suplente de senador.
Não sou religioso, portanto não defendo a matança insana que grupos islâmicos praticam mundo a fora; e nem os condeno por sua religião, mas sim por seus crimes, a exemplo do que já fizeram os cristãos, como já disse. Mas essa coisa que é outra coisa atingiu o alvo mais sensível; a imprensa. Os jornalistas estão indignados – nem tanto com a morte – mas com a audácia dos “suspeitos” em tentar calar a liberdade de expressão, um dos símbolos da democracia.
Não é bem assim. Nenhuma ação, inclusive a liberdade, é um campo sem fronteiras, sem cercas, limites e respeito à alteridade dos indivíduos. Separemos o horror do massacre assassino, da liberdade sem limites de expressão, da liberdade de imprensa. Não se pode confundir liberdade com regalias, imunidades. Manifestar livremente ideias, opiniões está diretamente associado à compreensão da melhor escolha, as alternativas que se dispõem. Essa premissa cartesiana mostra que quanto mais evidente for a verdade da alternativa disponível para a sua manifestação, maior é sua chance de escolha.
O holandês Spinoza, com outras palavras, concorda com o francês Descartes afirmando que o ato de ser livre implica em assumi-los e responder por eles. Em seu Tratado Político escreveu: “Não rir nem chorar, mas compreender” Mas liberdade de imprensa não rima com filosofia e estou a tratar disso me arriscando com as palavras mais do que caminhar por um campo minado. Entre outras liberdades, como as de expressão, religiosa, política a de imprensa tem suas próprias verdades dependendo de que lado ela esta. Teoricamente é livre quando informa sem a interferência do estado; é livre, pois não sofre influência estatal. Quando não, esta sob censura, a serviço do estado. Todavia quando a imprensa esta, de livre e espontânea vontade, resguardando interesses a seu favor e  aos do estado, ela é livre.
Esse explosivo paradoxo relativiza a premissa de que a imprensa deve ser livre porque ela não pode, tanto quanto nada e nem ninguém ser absolutamente livre. Noam Chomsky do alto de seus 86 anos, em 2002, quase 10 anos antes, portanto, escreve em seu livro Mídia “considerando o papel que a mídia ocupa na política contemporânea, somos obrigados a perguntar: em que tipo de mundo e sociedade queremos viver e,sobretudo, em que espécie de democracia estamos pensando quando desejamos que essa sociedade seja democrática?”
Noam Chomsky  demonstra que todas as notícias passam por cinco filtros antes de serem publicadas e que combinadas distorcem sistematicamente a cobertura das notícias pelos meios de comunicação. Destaco três: primeiro – a maioria dos meios pertence a grandes corporações. Segundo filtro – a maior parte da receita dos meios vem da publicidade das  grandes corporações e não de seus leitores.Terceiro filtro os meios dependem das corporações e dos governos como fonte de informação para a maior parte das notícias.E que se refere aos conceitos e as normas da profissão jornalística que são comuns entre si. Resultando daí um consenso entre a elite da sociedade sobre os assuntos de interesse público.
O destaque que a imprensa mundial dá a morte estúpida, sim, pela qual foram eliminados quem expunha suas ideias, não é, sem dúvida, proporcional a matança que tropas francesas fazem no oriente médio.
Comparar  com “ “o onze de setembro”, em Nova York e repetir à náusea “preservar a liberdade de imprensa” sugere um contra ataque militar a dois criminosos que (até enquanto escrevo, mas serão mortos) 86 mil soldados e policiais não conseguem prender porque são incompetentes?
O “9/11” – como dizem os americanos – foi um ato político religioso contra o capitalismo e a democracia. As Torres Gêmeas formavam um complexo de oito edifícios símbolo do poder econômico. O jornal  Charlie Hebdo em formato tabloide, semanal, como muitos outros em toda a Europa se ocupam em desconstruir, pela gozação grosseira ou pela fofoca vulgar, qualquer coisa ou pessoa. Isso não é jornalismo. Portanto a liberdade de expressão não foi atingida. Mataram de maneira estúpida e atrapalhada – perguntaram onde ficava o jornal – um grupo de cartunistas que ofendia a dignidade da crença religiosa, pelo terror. A indignação, a tristeza e a perplexidade para isso é ilimitada. Pessoalmente não vejo graça – nem humor – em desenhar o profeta Maomé de quatro, nu, com uma estrela dourada na bunda e o título “Nasce Uma Estrela”. Nem se fosse o Papa Francisco, Jesus Cristo, Dom Pedro II,Pelé,Lula ou a mãe do Badanha. Je ne suis pás Charlie.