quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

ASSIM FALOU DILMA.2

Dilma.2 fez nessa terça feira,23 de janeiro sua primeira reunião ministerial de seu novo mandato; nem tão nosso assim. A presidente segundona foi insuperável, mais uma vez, de si mesma. O espetáculo se deu na granja do Torto (huumm!) e começou meio enviesado. A produção do mafuá se esqueceu de tirar o brilho da exuberante maquiagem, o microfone não funcionou e o “teleprompter” semi-invisível andava mais lento do que seu raciocínio apesar de funcionar com apena um único e imbatível neurônio. Mas vestia um não sei lá o que dourado com gola oriental, cabelo cortado para a ocasião com leves toques de brilho; estava uma fofura – diria se tivesse suficiente intimidade. Saiu do ar. Voltou e a frente de um fundo de pedras empilhadas, reclamou, fez cara feia, manteve seu nariz empinado que nem pandorga e mandou ver sua verborragia grotesca, complexa,confusa pois ainda fala em dilmês tardio pré cabralino.
Assisti tudo, do início ao fim, como meio de, martirizando-me, receber uma graça de Tupã e de meus protetores: Sepé Tiaraju, Caipora e a Teiniaguá. Como meus leitores devem pagar seus pecados cada um a sua maneira, vou apenas destacar alguns trechos da prosopopeia dilmesca ( Figura em que o orador atribui o dom da palavra, o sentimento ou a ação a seres inanimados ou irracionais, aos mortos ou aos ausentes) para não torturá-los ainda mais do que os 200% de juros do cheque especial.
Dilma.2 disse: “Bom, então a minha primeira recomendação para vocês, que vão compartilhar comigo essa responsabilidade de governar e desse novo mandato, é trabalhar muito para que que nós possamos dar sequência ao projeto político que nós implantamos desde 2003, e que está mudando o Brasil, mudando para muito melhor, porque nós temos menos pobreza, mais oportunidades, temos uma situação de mais igualdade, mais direitos e cada vez mais democracia”.
Depois de nós e mais nós ela reafirma a intenção de não deixar o governo do Brasil nas mãos de ninguém que não seja do PT, pois é um “projeto político”. Depois de algumas mentiras - a pobreza não diminuiu; foi estatisticamente deslocada e nem há mais oportunidades e igualdades e muito menos ainda temos mais direitos - disse sem explicar que diabos é isso – e não há possibilidade de se ter mais ou menos democracia, já que ela é um sistema político que desde a antiga Grécia até os dias atuais tem tido diversos formatos e regimes distintos. Democracia não se quantifica
“Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre. Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública, a posição do ministério à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas."
Provavelmente ela se referia à patifaria e as vigarices – fora os crimes – que a cambada ministerial e outros em altos cargos federais vêm fazendo como nunca antes “nesçsepais.” (!) Como enfrentar o desconhecimento do que todo mundo sabe e a desinformação do que vem sendo informado, sempre e permanentemente? O que isso significa? Nada. Definitivamente nada!
Dilma.2 disse: “ E foi isso... e foi nisso que a maioria do povo brasileiro,(referindo-se a educação) dos homens e mulheres deste país deram o seu voto, foi para isso que eles deram seu voto. Este é o meu compromisso, fazer com que o Brasil nos próximos quatro anos, tenha condições de ter as medidas necessárias para manter íntegra a estratégia de construir um país desenvolvido, um país próspero, cada vez mais igual, menos desigual, fazendo tudo o possível para manter e fortalecer o modelo de desenvolvimento que mostrou ser possível conciliar crescimento econômico, distribuição de renda e inclusão social.”
Misturou alhos com bugalhos somou bananas com abacaxis.  Certamente foi com esse “raciocínio” torto – e estava lendo – que deve ter surgido o tal “slogan” Pátria Educadora. Essa coisa nenhuma, sem pé nem cabeça; abstrata.
Depois de culpar a China, a Europa (como se fosse um pais) o Japão e a queda no preço das commodities pela nossa estagnação econômica e consequente aumento da inflação, ainda culpou a falta de água pela falta de chuvas, Dilma.2 disse: “Diante destes eventos internos e externos, o governo federal cumpriu o seu papel. Nós absorvemos a maior parte das mudanças, dessas mudanças no cenário econômico e climático em nossas contas fiscais para preservar o emprego e a renda. Nós reduzimos nosso resultado primário para combater os efeitos adversos desses choques sobre nossa economia e proteger nossa população. Agora, atingimos um limite para isso. Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível, criando condições para a queda da inflação e da taxa de juros no médio prazo e garantindo, assim, a continuidade da geração de emprego e da renda.”
Não há como comentar tanta besteira e nem o que disse a seguir. Vou concluir com o que há de melhor; de mais Dilma, de mais PT – “Gostaria de falar para vocês agora - podia passar mais rápido, por favor? -(teleprompter lento) que toda vez que se tentou, no Brasil, toda vez que tentaram, no Brasil, desprestigiar o capital nacional estavam tentando, na verdade… Bom, eu vou preferir ler, sabe? Estavam tentando, na verdade, diminuir a sua independência, diminuir a sua concorrência e nós não podemos deixar que isso ocorra. Nós devemos punir as pessoas e não destruir as empresas. As empresas, elas são essenciais para o Brasil. Nós temos que saber punir o crime, nós temos de saber fazer isso sem prejudicar a economia e o emprego do país. Nós temos de fechar as portas para a corrupção. Nós não podemos, de maneira alguma, fechar as portas para o crescimento, o progresso e o emprego.”
Fico com a impressão, com esses nós temos, nós não podemos, que a bandalheira toda que ocorre há 12 anos, foi no vizinho, na casa da mãe Joana. A nossa grama é mais verde do que a deles. “Temos que continuar acreditando na mais brasileira das empresas, a Petrobras.” O que a Petrobras “fez” para merecer nossa descrença? Será ela é algum tipo de ser vivo, com vontade própria a fazer mal feitos por aí? Assim terminou o discurso da primeira reunião ministerial: ridículo, mentiroso, patético. Dilma.2 não sai do palanque, do discurso de campanha eleitoral que 54 milhões de eleitores gostaram e decidiram a vida de 200 milhões de habitantes brasilinos.
Os eleitores ignorantes (a maioria) e os aproveitadores (os de sempre), acreditam que votar é um dever cívico, que o voto é a arma do povo, que é um direito de liberdade. Democrático. Não é. O voto é obrigatório; se não votar há punição. Portanto ninguém é livre. Porém, há um “jeitinho”; uma condescendência democrática. Se não votar em três eleições o Titulo de Eleitor é cancelado ou então o eleitor paga uma multa calculada em UFIR (quem sabe o que é isso?). É assim: 3% VR (valor de referência) = 3(33,02)/100= 0,9906 *UFIR 0,9906 x R$ 1,0641 (VALOR DA *UFIR EM REAL) = R$ 1,05 (UM REAL E CINCO CENTAVOS). Assim é nossa democracia. Não são passeatas, nem a imprensa, nem redes sociais que nos darão o governo que merecemos. Deve haver outros meios; um deles a “imprensa livre” chama de terrorismo. Eu não sei! O Unabomber, que cumpre prisão perpétua nos EEUU, recomenda: “ bata a onde dói mais.” Pode ser a solução.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

 JE NE SUIS PÁS CHARLIE

Estou rodeado de “je sui Charlie”, mesmo sem ter facebook, watts up e coisas das “redes sociais”, exceto há alguns blogs, volta e meia saio da minha caverna pra ver se o mundo ainda não acabou. Só por curiosidade. Então me deparo com mais uma tragédia entre os que concordam com os que têm outra opinião, uma típica estupidez humana.
Mas quero antes fazer algumas observações. Quem conhece o Charlie Habdo? Em Paris com população de pouco mais de 2,5 milhões de habitantes, sua tiragem não passava de 60 mil exemplares. Quem leu matéria da Folha de São Paulo do último dia 7, uma colaboração de João Batista Natali ficou sabendo um pouco mais. Que famosos cartunistas franceses editavam em 1970 o jornal satírico “Hara-Kiri” que foi fechado naquele ano, da morte de Charles de Gaulle, aos 80 anos de idade, na aldeia  Colombey-les-Deus-Eglises, quando publicaram a capa com uma enorme manchete: “Baile Trágico em Colombey:um morto”.
O presidente Georges Pompidou, gaullista, mandou proibir a circulação do “satírico” jornal. A “graça” desagradou quase que a toda a França. Claro! De Gaulle, defendeu a França do avanço Nazista e comandou a resistência a ocupação alemã. Mas a turma de Vichy colaboracionista entregou milhares de judeus aos alemães, como todos sabem. De Gaulle, herói, não merecia tal brincadeira, certamente.
Essa turma então fundou o Charlie Hebdo  que se define junto ao título como “jornal irresponsável”. A capa “informando” a morte de Michael Jackson foi o desenho dele, uma caveira, com o título “enfim branco”. A linha editorial do jornal é essa; chocante, atrevida, verdadeiramente irresponsável.
Aqueles leitores que já estão me chamando de reacionário, politicamente incorreto e outras bobagens modernosas, se forem famosos, mas muito, muito famosos, podem acabar na capa do Charlie Hebdo antes do sepultamento, ainda no velório. Há quem compare o Charlie Hebdo ao Pasquim. Entre esses os jornalista do programa Globonews Em Pauta. O Pasquim comparado ao Charlie Hebdo e o mesmo que fazer isso com o “jornalzinho” –carinhosamente – do Grupo Escolar com o londrino The Telegraph; se é que me entendem. A manchete do “Estadão” beirou a perplexidade do patético: ”França tem onda de violência; Al-Qaeda treinou suspeito”. A Folha de São Paulo - on line - alardeia espantada: “Em dia com cercos e reféns, polícia mata irmãos suspeitos de atacar jornal francês”. E conclui: “Polícia matou terceiro suspeito, que fazia reféns em um mercado judaico na periferia de Paris; ele tem ligação com os irmãos Koauchi, apontados como autores do ataque a jornal francês 'Charlie Hebdo' que deixou 12 mortos nesta semana”. Incrível isso. A polícia francesa mata “suspeitos”.

O Charlie Habdo sofreu diversos atentados ao longo desses quase 40 anos e seus fundadores que dizem serem “os pais” dos nossos cartunistas – tenho dúvidas – envelheceram tinham entre 70 e 80 anos, como tem hoje os “filhos” brasileiros deles. A morte estúpida deles não deve ser também a do hebdomadário francês. Se fechar – a pesar de seu humor grosseiro -  será a vitória da barbárie praticada por grupos fundamentalistas religiosos; nesse caso, a ser provado, islâmicos. Barbárie que cristãos e muçulmanos estão em confronto há séculos. Os Cruzados, a Inquisição, a Companhia de Jesus, a Congregação para a Doutrina da Fé, organizações da Igreja Católica, aterrorizaram a Europa, as Américas e o Oriente Médio muito mais, com mais violência irracional. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” em diz Vulpino Argento, o Demente, e ainda suplente de senador.
Não sou religioso, portanto não defendo a matança insana que grupos islâmicos praticam mundo a fora; e nem os condeno por sua religião, mas sim por seus crimes, a exemplo do que já fizeram os cristãos, como já disse. Mas essa coisa que é outra coisa atingiu o alvo mais sensível; a imprensa. Os jornalistas estão indignados – nem tanto com a morte – mas com a audácia dos “suspeitos” em tentar calar a liberdade de expressão, um dos símbolos da democracia.
Não é bem assim. Nenhuma ação, inclusive a liberdade, é um campo sem fronteiras, sem cercas, limites e respeito à alteridade dos indivíduos. Separemos o horror do massacre assassino, da liberdade sem limites de expressão, da liberdade de imprensa. Não se pode confundir liberdade com regalias, imunidades. Manifestar livremente ideias, opiniões está diretamente associado à compreensão da melhor escolha, as alternativas que se dispõem. Essa premissa cartesiana mostra que quanto mais evidente for a verdade da alternativa disponível para a sua manifestação, maior é sua chance de escolha.
O holandês Spinoza, com outras palavras, concorda com o francês Descartes afirmando que o ato de ser livre implica em assumi-los e responder por eles. Em seu Tratado Político escreveu: “Não rir nem chorar, mas compreender” Mas liberdade de imprensa não rima com filosofia e estou a tratar disso me arriscando com as palavras mais do que caminhar por um campo minado. Entre outras liberdades, como as de expressão, religiosa, política a de imprensa tem suas próprias verdades dependendo de que lado ela esta. Teoricamente é livre quando informa sem a interferência do estado; é livre, pois não sofre influência estatal. Quando não, esta sob censura, a serviço do estado. Todavia quando a imprensa esta, de livre e espontânea vontade, resguardando interesses a seu favor e  aos do estado, ela é livre.
Esse explosivo paradoxo relativiza a premissa de que a imprensa deve ser livre porque ela não pode, tanto quanto nada e nem ninguém ser absolutamente livre. Noam Chomsky do alto de seus 86 anos, em 2002, quase 10 anos antes, portanto, escreve em seu livro Mídia “considerando o papel que a mídia ocupa na política contemporânea, somos obrigados a perguntar: em que tipo de mundo e sociedade queremos viver e,sobretudo, em que espécie de democracia estamos pensando quando desejamos que essa sociedade seja democrática?”
Noam Chomsky  demonstra que todas as notícias passam por cinco filtros antes de serem publicadas e que combinadas distorcem sistematicamente a cobertura das notícias pelos meios de comunicação. Destaco três: primeiro – a maioria dos meios pertence a grandes corporações. Segundo filtro – a maior parte da receita dos meios vem da publicidade das  grandes corporações e não de seus leitores.Terceiro filtro os meios dependem das corporações e dos governos como fonte de informação para a maior parte das notícias.E que se refere aos conceitos e as normas da profissão jornalística que são comuns entre si. Resultando daí um consenso entre a elite da sociedade sobre os assuntos de interesse público.
O destaque que a imprensa mundial dá a morte estúpida, sim, pela qual foram eliminados quem expunha suas ideias, não é, sem dúvida, proporcional a matança que tropas francesas fazem no oriente médio.
Comparar  com “ “o onze de setembro”, em Nova York e repetir à náusea “preservar a liberdade de imprensa” sugere um contra ataque militar a dois criminosos que (até enquanto escrevo, mas serão mortos) 86 mil soldados e policiais não conseguem prender porque são incompetentes?
O “9/11” – como dizem os americanos – foi um ato político religioso contra o capitalismo e a democracia. As Torres Gêmeas formavam um complexo de oito edifícios símbolo do poder econômico. O jornal  Charlie Hebdo em formato tabloide, semanal, como muitos outros em toda a Europa se ocupam em desconstruir, pela gozação grosseira ou pela fofoca vulgar, qualquer coisa ou pessoa. Isso não é jornalismo. Portanto a liberdade de expressão não foi atingida. Mataram de maneira estúpida e atrapalhada – perguntaram onde ficava o jornal – um grupo de cartunistas que ofendia a dignidade da crença religiosa, pelo terror. A indignação, a tristeza e a perplexidade para isso é ilimitada. Pessoalmente não vejo graça – nem humor – em desenhar o profeta Maomé de quatro, nu, com uma estrela dourada na bunda e o título “Nasce Uma Estrela”. Nem se fosse o Papa Francisco, Jesus Cristo, Dom Pedro II,Pelé,Lula ou a mãe do Badanha. Je ne suis pás Charlie.